domingo, 4 de novembro de 2018

Declaração


Declaração 

“Não há nada mais parecido a um fascista do que um burguês assustado.”
            - Bertold Brecht

A todos que ousam lutar pela liberdade

Irmãos: 

Essa declaração surge da necessidade de alimentar a luta por liberdade, por justiça e por igualdade a todos os povos e mais diretamente ao povo brasileiro que passa por um momento critico com ameaças de ascensão de um regime autoritário e fundamentalista, e de diminuição de liberdades e de direitos, o momento agora é de intensificar a luta, a organização e tomar o futuro em nossas mãos. 
Para muitos setores da sociedade o processo eleitoral traz a esperança de que é possível melhorar a qualidade de vida da população marginalizada e que podemos alcançar a justiça e a igualdade através do voto. Nós anarquistas já sabemos que a liberdade e a justiça não se concede, se conquista. Já sabemos e reiteramos  o Estado não nos trará melhoras, pois ele é o causador das nossas dificuldades, da violência e da nossa desigualdade. 
A ultima eleição foi sustentada por falsas noticias falsas promessas, ameaças de ainda maior redução de direitos dos trabalhadores, ameaças essas vindo da direita e da esquerda, com crise a financeira recaindo sobre o lombo do trabalhador e com inúmeros casos de violência física e psicológica a quem ousa pensar diferente. De um lado do espectro político-partidário um projeto de governo de esquerda, arruinado por corrupção, desestruturação, aparelhamento sindical, tentativas de conciliação de classes, apoiado por uma parte da burguesia empresarial, com uma forte repressão aos movimentos de massa independentes e a desmobilização dos movimentos aparelhados ao partido. Do outro espectro um candidato de extrema-direita não menos corrupto, apoiado por fundamentalistas religiosos, pela maior parte dos grandes empresários, financistas, banqueiros, latifundiários e indústria armamentista, com um projeto de governo neoliberal, que defende abertamente a redução de direitos dos trabalhadores, enquanto diminui os tributos dos super-ricos, projetos de militarização das escolas, ataques diretos a minorias, gays, comunistas, PTistas, esquerdistas, provocando uma onda de violência que já acabou na morte de algumas pessoas contrárias ao candidato. 
Essa é a situação em que nos encontramos em meio a uma eleição, escolher qual veneno vamos tomar, se de uma esquerda anti-povo  justificando métodos neoliberais somados a pequenos investimentos estatais contra a crise, ato esse já saturado e que se tornou inviável nos últimos anos. Ou uma direita neofascista, que defende o armamento e o assassinato como método para resolver o problema da violência, o regime neoliberal que vê na retirada dos direitos dos trabalhadores e na intensificação da desigualdade social como forma de reverter a crise provocada pelos mesmos. 
Nisso vemos uma falsa polarização entre apoiadores do neofascismo Bolsonariano e de um projeto petista de governo já há muito desgastado. Contudo, a realidade demonstra outra situação bem diferente, sem cair no falso argumento de anti-Bolsonaro ou anti-PT vemos que o número de pessoas indispostas e cansadas da política eleitoreira e partidária aumentou significativamente, basta ver a quantidade de votos nulos/brancos e abstenções.  A explicação é a desconfiança tanto com o Estado quanto pelo processo eleitoral viciados, imorais, sustentados na corrupção, na chantagem, na intimidação, no roubo e na falsificação. Necessitamos agora levantar a nossa bandeira da autonomia, da autogestão, da organização horizontal, somarmos forças pra esmagar o neofascismo descarado e desumano através da ação direta, NA RUA, que é onde as mudanças acontecem.
E é negando insistentemente que o Neofascismo não pode ser derrotado nas urnas, que o Estado não garante a justiça, pois ele é por si injusto, e que a LIBERDADE não pode ser dada, mas apenas CONQUISTADA, baseados nisso DECLARAMOS:
1.       Convocação de todos anarquistas, a fim de, trabalharmos juntos em uma única organização.
2.       Formação de grupo de resistência e autodefesa de mulheres, pretos, periféricos, lgbts.  
3.       Convocação de assembleia para ATO ANTIFASCISTA.
4.       Colocação do anarquismo como um agente de destruição do fascismo religioso brasileiro.
5.       Ação direta contra os palácios governado pelo fascismo.







Anarquismo não é nem de esquerda nem de direita, anarquismo é de luta.

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Condenação de 23 ativistas no Rio de Janeiro RJ




A justiça do estado do Rio de Janeiro RJ, condenou 23 ativistas neste dia 17/07 terça feira à prisão em regime fechado, as acusações são de formação de quadrilha e corrupção de menores, além de outro agravante como a morte do cinegrafista Santiago Andrade, onde a morte foi vinculada aos manifestantes que protestavam contra a capa do mundo 2014 e a desocupação do museu do Índio, na chamada Aldeia Maracanã.
Percebemos que, a luta contra o superfaturamento causado pelo evento: Capa do Munrdo 2014, está sendo tratada como um ato de terrorismo, que aliás, era a política da ex presidenta Dilma Rousseff estabelecendo assim as atividades de luta dos manifestantes como terrorismo ao estado brasileiro.

Diga não à prisão desses 23 lutadores.

domingo, 10 de junho de 2018

Movimento anarquista na cidade


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
CAMPUS DE CIÊNCIAS SÓCIO–ECONÔMICAS E HUMANAS
CURSO GEOGRAFIA





Rogério de Oliveira Silva

Movimento anarquista na cidade: a luta contra o aumento da tarifa de ônibus em Goiânia (GO)











Goiânia
2015






Rogério de Oliveira Silva





Movimento social anarquista na cidade: a luta contra o aumento da tarifa de ônibus em Goiânia (GO)


Trabalho de curso apresentado ao departamento de Geografia do Campus de Ciências Sócio-Econômicas e Humanas da Universidade Estadual de Goiás, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Geografia.


Linha de Pesquisa: Geografia Política e Geografia Urbana




Autorizo a reprodução e a divulgação total ou parcial desse trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa desde que cite a fonte.
Rogério de Oliveira Silva (em citações SILVA. R.O)























SILVA. R.O (Rogério de Oliveira Silva)

Movimento social anarquista na cidade: a luta contra o aumento da tarifa de ônibus em Goiânia (GO)


Trabalho de Conclusão de Curso defendido no Curso de Licenciatura de em Geografia do Campus de Ciências Sócio-Econômicas e Humanas da Universidade Estadual de Goiás, para obtenção do grau de Licenciado em Geografia, aprovado em 01 de Fevereiro de 2016, pela Banca Examinadora constituída pelos seguintes professores:

_________________________________________________
Prof.Me Marcos Augusto Marques Ataídes– UEG
Presidente da Banca

___________________________________________________
Examinador Interno







           
DEDICATÓRIA

Para os companheiros que,
 proporcionam diariamente
todo, o apoio e o incentivo,
fundamental para a minha militância
prática teórica e humanização através do anarquismo
Para, Robson e Reginaldo irmãos
parceiros de todas as horas e
sob quaisquer circunstâncias
e especialmente para minha mãe Evani e  meu Pai, Moacir já falecido.















AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que colaboraram com essa conclusão de curso, sendo assim entendo que o meu conhecimento conquistado nessa pesquisa é uma relação social com outras pessoas.
Os agradecimentos especiais são referentes a pessoas que contribuíram diretamente para essa conclusão de curso, mesmo minha trajetória acadêmica não significar a única via de conhecimento que possa chegar a mim, sendo que entendo que o homem sai do seu estado natural de conhecimento quando vai até uma instituição que não representa a totalidade do conhecimento social, como se refere Michel Foucault (1954).  Por tanto essa conclusão de curso não representa o total do conhecimento que possuo ou que eu poderei possuir.,
Sendo assim os agradecimentos aqui são destinadas as pessoas que ao longo da minha vida tem se manifestando em meu apoio. Vamos a essas: Minha Mãe Evani de Oliveira Silva, por ser a pessoa que mais se importa e cuida de mim, juntamente com o meu Pai Moacir Gomes da Silva (Já Falecido) e os irmãos Robson e Reginaldo que são meus apoiadores. Seguidamente nesse processo de curso de Geografia devo agradecer pessoas que estimularam essa conclusão, como, Maria Idelma professora de Geografia, por me ajudar em um momento da minha doença (Depressão) já no 4° ano, ao examinador desse trabalho Prof º Marcelo de Mello ao Dr Jorge Elias (medico) e ao Profº Felipe Corrêia pela tradução do resumo para a língua espanhola.
Aos militantes do anarquismo envolvidos em várias organizações do Brasil, e em outras fora do Brasil.
Por fim os militantes e pesquisadores e aos participantes do Grupo de Estudos Anarquista (GEA) que estudam e pesquisam o anarquismo na cidade, sendo essa, Goiânia. Aos populares da Periferia da cidade de Goiânia em especial ao meu lugar de crescimento, ou seja, o Parque das Amendoeiras (Z.L). Tenho a consciência que a leitura de mundo de um anarquista “favelado” é uma leitura diferenciada de um anarquista fora desse espaço.
























Vamos revolucionar!
É a única coisa boa, a única realidade da vida.
P.-J. Proudhon

RESUMO – PT
SILVA, R.O.  Movimento social anarquista na cidade: a luta contra o aumento da tarifa de ônibus de Goiânia (GO) 2015 Trabalho de conclusão de curso da graduação de Geografia da Universidade Estadual de Goiás campus de ciências socioeconômicas e humanas.

O presente texto narra teoricamente à sociedade de classe, estabelecendo os pontos fundamentais na compreensão de sua origem e por meio de uma análise do Global para o local, perpassando os fenômenos sociais e geográficos chaga ao município de Goiânia. Aponto os debates fundamentais para que se possa estabelecer uma análise complexa sobre a divisão da classe social no capitalismo e faz a leitura dessa sociedade de classe porá análise metodológica a partir do materialismo sociológico por estabelecer pontos fundamentais para essa perspectiva social.
Os objetivos alcançados na pesquisa, responde a hipótese de pré-pesquisa. Onde se cumpri com o esperado sobre o que ocorreu na luta pela tarifa de ônibus no Brasil de 2013 e em Goiânia GO especificamente. A relação desse fenômeno municipal ficou estabelecida com o nacional e o Global, elucidando assim as causas desse fenômeno ao leitor.

Palavras chave: Sociedade de classe, movimento social, luta.


RESUMO – ESPANHOL

SILVA, R.O. Movimiento social anarquista en la ciudad: la lucha contra el aumento de precio del boleto de autobús de Goiânia (GO). 2015. Trabajo de conclusión de curso de graduación en Geografía de la Universidade Estadual de Goiás, Campus de Ciencias Socioeconómicas y Humanas.

El presente trabajo expone la teoría de la sociedad de clase, estableciendo los puntos fundamentales para la comprensión de su origen por medio de un análisis que parte desde el global para el local, pasando por fenómenos sociales y geográficos pertinentes al municipio de Goiânia. El texto apunta también los debates fundamentales para que se pueda establecer un análisis complejo sobre las divisiones de las clases sociales en el capitalismo y hace la lectura de esa sociedad de clases por análisis metodológico, a partir del materialismo sociológico, ya que establece puntos basilares para esta perspectiva social. Los objetivos alcanzados en la investigación corresponden a la hipótesis de la pre-investigación, lo que hace cumplir con el esperado sobre que se pasó en la lucha por el no aumento en el precio del boleto de autobús en Brasil en 2013, más específicamente en Goiânia. La relación de este fenómeno municipal ocurrió en consonancia con el nacional y el global, elucidando así las causas de este fenómeno al lector.        


Palabras clave : La sociedad de clases, movimiento social, lucha
LISTA DE ILUSTAÇÔES

Ilustração 01: - Mapa: - Grau de Urbanização do Brasil em 1991..................................................................................................................36

Ilustração 02 tabela 01 - Famílias inscritas no Cadastro Único, total e Proporção de famílias inscritas, por algumas características..................................................................................................38

Ilustração 03: tabela 02- Tarifas básicas de ônibus municipais pelo país em 2013
.............................................................................................................................73-74
Indicação / Proposta de novos estudos...................................................................81

Ilustração 04: - Fotos: - Fotos ilustrativas........................................................................................................91-92                                                                                                          




LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

RIT-(Rede integrada de transporte).
RECC (Rede estudantil Classista e Combativa)
MPL (Movimento Passe Livre)
CV (Comando Vermelho)
AIT (Associação Internacional dos Trabalhadores)
DEPAE (Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais)
P2 (Policial disfarçado de manifestante)
UBES (União Brasileira de Estudantes Secundaristas)
UNIPA(União Popular Anarquista)
A RMTC (Rede Metropolitana de Transporte Coletivo),
Viação Reunidas Ltda.,
Cootego (Cooperativa de Transportes do Estado de Goiás),
 Metrobus Transporte Coletivo S.A.,
 Rápido Araguaia
HP





SUMÁRIO
DEDICATÓRIA......................................................................................................................................4                                                                                                                         
AGRADECIMENTOS.......................................................................................................................... 5-6                                                                                                                   
ÉPIGRAFE  ........................................................................................................................................................7
RESUMO (POR)  ................................................................................................................................. 8                                                                                                                             
RESUMO (ESP)....................................................................................................................................9                                                                                                                                
LISTA DE ILUSTRAÇÕES........................................................................................................................10                                                                                                               
LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS ....................................................................................................11                                                                                         
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................13                                                                                                                                
CAPÍTULO 1 . HISTÓRICO DA CIDADE E URBANIZAÇÃO.......................................................................21                                                          
 1.1 Breve histórico da cidade....................................................................................................................21                                                                                                             
1.2 A cidade no feudalismo e o surgimento dos burgos...................................................................................................25                                                                          
1.3A cidade no capitalismo.......................................................................................................................27                                                                                                                

CAPÍTULO 2. URBANIZAÇÃO BRASILEIRA.............................................................................................30                                                                                          
 2.1                Urbanismo no Brasil.....................................................................................................................................30                                                                                                                                 
 2.2 Consequências do crescimento urbano e êxodo rural.................................................................................33                                                                              
 2.3 O migrante segregado..................................................................................................................................36                                                                                                                              

CAPÍTULO 3 – DA PRECARIEDADE DO TRANSPORTE DO                TRANSPORTE DE MASSA À REAÇÃO DA POPULAÇÃO............................................................................................................................41                                                                                                                        
3.1 Transporte público: o reflexo da desigualdade............................................................................................41                                                                                         
3.2 As manifestações populares em relação ao transporte público....................................................................46                                                               
3.3 Cidades em luta............................................................................................................................................46                                                                                                                                        
3.3 MPL, avanços, limites e possibilidades.......................................................................................................58                                                                                                    
3.4 Goiânia e as lutas pelo transporte.................................................................................................................61                                                                                                             
Considerações finais...........................................................................................................................................68                                                                                                                                       
Referencias........................................................................................................................................................82                                                                                                                                                    
Anexo.................................................................................................................................................84                                                                                                                                             

Introdução

Devemos aprender com a ciência social e comportamental o que for possível, naturalmente esses campos do conhecimento devem ser cultivados com toda a seriedade possível.
Noam Chomsky


A epigrafe que se apresenta acima foi retirado do ensaio a “Responsabilidade dos intelectuais” que remete os intelectuais a tratarem com seriedade as ciências humanas. Noam Chomsky (2006, p.373; 394)
O presente autor defende que os intelectuais procurem se interessar e conciliar seus conhecimentos científicos com os conhecimentos políticos, e é nesse compromisso que a seguinte pesquisa se apresentará.

Metodologia
A pesquisa se constitui em torno de um movimento urbano, a mesma está sendo apresentada nesse presente trabalho como uma ação em escala do global ao local da pesquisa.
Ao percebemos como está sendo essa ação do global ao local, busco entender como a sociedade vem se apresentando em origem e nos principais acontecimentos em seu processo histórico, esse processo possui uma incumbência de constituições hierárquicas, onde a humanidade se apresenta dividida entre opressora e oprimida. Para tanto entender a humanidade é entender sua formação histórica e para isso entende-se a importância das ciências humanas para a constatação desses fatos.
Nesse aspecto o ser humano é o grande agente em conjunto com a natureza, sendo fundamental compreendê-lo junto com a trajetória histórica e sua origem até chegarmos à contemporaneidade. A pesquisa pode contribuir nesse estudo.
Entender essa relação com o Brasil é fundamental para entender a sociedade brasileira. Isso significou estudar o Brasil e sua história, com seus conflitos e construções sociais.
Por tanto foi necessário o seguinte estudo.
O Brasil é um país colonizado e explorado, mas o país não conseguiu sair de uma dependência global, desenvolvendo a desigualdade social em meio à população.
Analisando a partir da perspectiva sociológica e geográfica encontra-se como essa trajetória urbana brasileira se formou e chegou à atualidade. Essa formação do espaço metropolitano brasileiro e outras mais são necessárias para se entender o porquê das manifestações na questão da tarifa no transporte público do Brasil.

No Brasil de 2013 tivemos à mostra de como essa sociedade está, existe uma dicotomia social no Brasil das quais são a classe burguesa brasileira e os segregados trabalhadores. Esse cenário foi propagado devido o aumento em conjunto de várias cidades brasileira na tarifa de ônibus do transporte público urbano no país. A hipótese de os usuários não estavam mais em condições de mais um aumento na tarifa, sendo que o custo de vida do brasileiro e do Goianiense já chega a um padrão elevado elucida essa luta.
Para entender como o movimento de Goiânia se organizou e isso é uma analise relevante para saber como a sociedade de classe se encontra, busquei questionar juntamente aos manifestantes.
 Questionado junto aos manifestantes de Goiânia uma série de perguntas com a finalidade de alcançar objetivos para a pesquisa, se segui abaixo.
·         O que causou a luta dos grupos de manifestantes militantes e ativistas?
·         Quais fatores foram fundamentais para se iniciar o movimento em Goiânia?
·         Como se organizava o movimento? (formato, estruturas,)
·         Quais fatores desmotivam o movimento?
·         Que relação os grupos tem com o anarquismo?




A metodologia de pesquisa na construção foi

·         Pesquisa bibliográfica
·         Fichamento da bibliografia pesquisada
·         Construção e elaboração do texto
·         Pesquisa representativa de mapa e tabela ilustrativa, presente no corpo do texto.
·         Pesquisa de campo. Por meio de entrevista, junto aos participantes do movimento social.
Porque esse trabalho se baseou no método de analise do materialismo sociológico[1]·?
O presente trabalho foi transcrito por mim em uma leitura por meio do materialismo sociológico de Mikhail Bakunin por estabelecer uma visão de mundo nos pressupostos seguintes estabelecidos por NASCIMENTO (2014)  como se segue
Podemos afirmar que Bakunin desenvolveu um materialismo sociológico, pois a materialidade histórica da vida humana é criada pelo trabalho inteligente e livre do homem em sociedade (Bakunin, 1988: 70). O materialismo sociológico possui as seguintes características: 1) é a negação de todas as formas de idealismo/teologismo; 2) sua perspectiva naturalista com a negação do criacionismo; 3) entende a ação, a prática concreta, como determinante do ser; 4) pressupõe a multicausalidade dos fenômenos; 5) compreende a diversidade da vida como resultado de um processo dialético e ininterrupto de ação e reação; 6) o trabalho coletivo cria a sociedade.


Com esses questionamentos se foi possível alcançar o objetivos da pesquisa
A compreensão de como a luta no transporte urbano se relaciona com a auto-organização foi imprescindível na pesquisa. Por tanto foi fundamental entender se os manifestantes rejeitaram a maneira de organização tradicional ligada a partidos e instituições burocráticas.

A pesquisa se propõe a alcançar os objetivos, o principal é como o movimento social se organizou em 2013 na luta da tarifa de ônibus em Goiânia (GO) A pesquisa visa então investigar, constatar, perceber, verificar, entender e elucidar como os grupos se organizaram e atuaram e o que eles possuem em relação ao anarquismo. Remetendo a isso o uso no titulo de movimento social anarquista na cidade pressupõe uma investigação dos grupos com o anarquismo.  Entretanto entender as principais posições do anarquismo é fundamental para possibilitar uma relação ou não com os grupos. A seguir descobriremos posições fundamentais dos anarquistas em uma descrição sucinta (Casa do povo Jornal da união popular anarquista – UNIPA edição Nº70, 2014[2])
O anarquismo surgiu em suas primeiras definições no século XIX, com o pensador anarquista Pierre-Joseph Proudhon, que apontou que “Anarquia é Ordem, Governo é Guerra Civil!”, mas teve suas formas mais acabadas através da sistematização do revolucionário russo Mikhail Bakunin, que defende: “liberdade sem socialismo é privilé- gio e injustiça; socialismo sem liberdade é escravidão e brutalidade”. Portanto, o anarquismo luta pelo socialismo, pelo fim das injustiças sociais e econômicas, pela possibilidade de auto-organização popular, livre da exploração da burguesia e do Estado.

A compreensão se houveram motivos que levaram os manifestantes irem a rua buscar pela queda da tarifa foi uma questão chave nessa pesquisa.
A Cidade que é um conceito nessa pesquisa e é estudada cientificamente.

Para Souza 2005 em ABC do desenvolvimento urbano a cidade em sua compreensão tem com uma complexidade existente na sua existência.
A cidade como algo e objeto complexo é dócil de definição, sendo assim uma complexidade de ideias e de maneiras de se compreender a cidade.
Já que é uma noção abstrata demais na sua constituição de se situar.
Ao longo da história foi se mostrando entendimento e se criando conceitos para entender a cidade, desde tempos antigos ate chegarmos à cidade moderna de hoje.
O Espaço urbano é uma categoria de estudo.
 Segundo. GOMES, Paulo César da Costa (2002) No espaço urbano se tem uma ideia de condição urbana, onde se vão estabelecer alguns elementos de diferenças a partir das classes sócias que são diferentes também. Sabendo dessa análise se tem uma ideia de Hierarquização do espaço urbano e como ela irá se moldar para atender ou não atender devidamente os populares nesse mesmo espaço.
Nessa analise se vê que o direito a cidade é restrito a uns e privilegiado a outros, então percebemos que essa condição está em relação aos aspectos sociais existentes na sociedade como um todo, percebendo as diferenças sociais, percebe-se a relação de pessoas com as mercadorias e como elas estão tendo contato com essas mercadorias.
Segundo Weber (1823) Para se obter uma cidade é necessário um contingente de pessoas em concentração local, fazendo-o com que essas possam  se relacionarem no contexto econômico. Por isso a cidade é complexo geoeconômico. Entretanto os movimentos sociais aparecem para reivindicar.

Movimentos sociais
O movimento social em ideia geral tem como suas necessidades não apenas aglomeração de pessoas, mas sim de posições sobre algo, como a necessidade de identificação de ideias e adversário. Ou seja, tem que ter um adversário onde se possa criar a oposição a algo.
Para Corrêia (apud MCADAM,TARROW,TILLY,2012,p.5) se alisa esse adversário no confronto político da seguinte maneira

“um movimento social é uma interação sustentada entre pessoas poderosas e outras que não têm poder: um desafio contínuo aos detentores de poder em nome da população cujos interlocutores afirmam estar ela sendo injustamente prejudicada ou ameaçada por isso. [...] Esta definição específica exclui as reivindicações coletivas de poderosos em relação a poderosos, esforços coletivos para se evadir ou se auto renovar e alguns outros fenômenos próximos que, de fato, compartilham características importantes com as interações que estão dentro das fronteiras. Nós nos concentramos nas relações dominantes-subordinados baseados na hipótese de que o confronto que envolve uma desigualdade MOVIMENTOS SOCIAIS, BUROCRATIZAÇÃO... 169 substancial entre os protagonistas tem características gerais distintivas que ligam movimentos sociais a revoluções, rebeliões e nacionalismos de base popular (bottom-up).”(McAdam, Tarrow, Tilly, 1996, p.21)

O movimento social  no meio urbano é uma categoria desse estudo e possui um contexto mais acirrado, mesmo porque está onde se localiza a administração pública.
Segundo Corrêia (2012) movimentos sociais nessa temática são devido a partir da relação de poder referida por McAdam, Tarrow, Tilly. Poder que circula por todo corpo social, nas mais diferentes esferas estruturais e das relações sociais. Em uma abordagem teórica movimentos sociais necessitam de ideologias que vão justificar as ações políticas de cunho político.
A necessidade de ação coletiva se faz pela presença de articulação sobre pessoas que pensam em um coletivo, não só dos presentes, mas também de todos da sociedade.
Os capítulos dessa pesquisa apresentam um estudo referente do Global ao local como dito anteriormente.
Sendo o capitulo de número um se tratando da cidade. Eu transcorro essa análise da devida forma: Entender sobre o que é Cidade e a forma que se organiza as suas espaços de deslocamento através do transporte é necessário partir por meio de categorias Geográficas, tais como território, espaço urbano, lugar e etc., além das categorias como Estadas, política, movimentos sociais na perspectiva sociológica e também geográfica buscarei analisar sobre a cidade, procurarei entender sua origem e sua trajetória e etc.
É fundamental a dinâmica das classes sociais e sua ocupação nesse espaço urbano, bem assim se tornou essencial nesse estudo, bem como essa são percebidas e construídas.
No segundo capitulo abordo a urbanização brasileira, sendo que nesse capitulo procuro entender as dinâmicas a respeito da cidade capitalista e de que forma ocorre a mobilidade para as pessoas que vivem nessa. A partir dessa prorrogativa, analiso por meio das classes sociais, fazendo-o com que o “Cidadão" urbano ganhe uma conotação importante para a divisão de classes presentes na cidade. Pude verificar acontecimentos históricos que movimentaram os rumos da sociedade Brasileira, para que pudéssemos chegar ao nosso presente momento.
Ao chegarmos ao contexto de urbanização brasileira, se deve entender sobre a cidade brasileira, nessa primeira abordagem vejo sobre a história das cidades brasileiras, para que possamos entender os caminhos até a urbanização.
Já no terceiro capitulo este que se apresenta a pesquisa em campo, analiso a produção do capitalismo no espaço urbano. Percebemos que sua organização espacial gera conflitos, que envolvem a ocupação das cidades, pela classe trabalhadora, os serviços oferecidos pelo Estado, tornar-se assim alvo constante das reivindicações sociais, que estes se tornam ineficientes para maior parte da população. Nessa perspectiva estudei nesse capitulo a questão do transporte público em Goiânia, e as revoltas recentes contra o aumento da tarifa, que se tornou uma reivindicação que envolveu várias capitais em 2013, mas que tem sua origem ligada ao afastamento das classes trabalhadoras em relação ao seu local de moradia.
A necessidade de lutar por melhorias no transporte público é uma conquista diária para a mobilidade urbana.
Esses grupos sentiram a necessidade de se organizar diferente do modelo tradicional de movimentos sociais partidários, agora apresenta uma organização horizontal, onde esse formato por si só já é uma luta contra a forte repressão do Estado. Elementos anarquistas são: a autogestão, o anti-capitalismo presente na ação direta com os Black blocs e a ideia de anti hierarquia. O elemento de horizontalidade também é usado pelos autonomistas presentes no movimento quanto à organização, estes que por inúmeras vezes não compreendem a necessidade de unidade dentro do movimento, causando a participação de inúmeros segmentos ideológicos e entrada de juventude de partidos políticos que mesmo não apresentando seus ideais na organização apresentam na organização ultrademocrática, além de atuação por vias burocráticas.
Para tanto o Estado conseguiu desarticular e desmotivar com seu aparelho repressor o cenário de luta. Dessa forma a conquista não chega a ser efetivada na tarifa, mas apresentou um modelo de mobilização futura e continua na cidade.
Hoje o movimento se encontra com as consequências da repressão do Estado em 2013, obtendo muitas dificuldades para se estabelecer novamente, mas com a devida espontaneidade para novas lutas futuras.



CAPÍTULO 1 . HISTÓRICO DA CIDADE

Para que entenda o que é cidade e a forma com que se organizam seus espaços de deslocamento através do transporte, é necessário partir de categorias geográficas, tais como território, espaço urbano e lugar, além de categorias como Estado, política e movimentos sociais. Buscarei analisar a cidade sob uma perspectiva sociológica e também geográfica, procurando entender sua origem e sua trajetória. Ademais, é preciso entender que a dinâmica das classes sociais e sua ocupação nesse espaço urbano tornam-se essenciais nesse estudo, bem como ela é percebida e construída.
Ao iniciar um estudo sobre a cidade, pensarei em alguns pontos que indiquem uma análise do ambiente urbano criado na cidade e suas classes sociais distintas.
    
1.1  Breve histórico da cidade
A cidade surgiu no período Paleolítico, mas as características necessárias para a fixação humana se estabeleceu no período Neolítico. Ainda no Paleolítico havia- se como função servir de abrigo (primordialmente nas cavernas) que desse segurança contra qualquer tipo de perigo que pudesse atingir o homem. Essa dinâmica de apropriação tinha fixação em um local, que era o lugar da produção coletiva de alimentos e cultural. As pinturas rupestres são exemplos desta apropriação.
Outra situação bastante curiosa e intrigante é a morte que, a partir deste período, levava os homens a criar túmulos em um mesmo lugar, sendo este dotado de sentimentos póstumos. Tais sentimentos fizeram com que se quisesse manter um local fixo para a celebração póstuma, como bem classifica Spósito (1994, p. 11), “[a] cidade dos mortos antecede a cidade dos vivos”.
Conforme a referida autora,
[...] entendermos que o espaço é história nessa perspectiva, a cidade de hoje é o resultado cumulativo de todas as outras cidades de antes, transformadas, destruídas, reconstruídas, enfim produzidas pelas transformações sociais ocorridas através dos tempos, engendradas pelas relações que promovem estas transformações.
Partindo desta primeira manifestação para uma possível fixação e a possibilidade de se estabelecer em um local – as aldeias – em que as pessoas se relacionavam socialmente e se organizavam, foi-se criando as possibilidades para a origem a civilização, com base nas necessidades humanas. Desta forma, a produção de alimentos visando ao sustento daquela população, como o plantio para a subsistência e também outras atividades como a criação de animais tornou-se necessárias. Assim, possibilitou-se que a humanidade se estabelecesse e criasse suas cidades.
Mas a fixação humana ocorreu mesmo no Neolítico, onde a característica de vida estável nas aldeias, que se estabelecia em proporcionar vida melhor para os aldeões, que já não suportava a vida itinerante de antes. A fixação permitiu mais tempo e energia para a sexualidade, a nutrição a alimentação não dependia mais exclusivamente das atividades predatórias, mas estava garantida pela agricultura e criação.
Nas aldeias já existiam características presentes nas atuais cidades, mas não havia diferenças no setor do trabalho, com exceção do trabalho masculino e feminino.

Para Souza (2005), a agricultura tornou-se o elemento que permitiu a expansão desse modelo de cidade, próximo aos rios. A irrigação é a grande invenção que floresce a cidade, e para os arqueólogos, a Mesopotâmia é o berço das civilizações. A grande cidade de Ur é exemplo dessa forma de organização, pois é possível notar a estratificação social presente nessa forma de cidade: a divisão em castas e religião e a noção de nobreza, camponeses, comerciantes, escravos vão se conduzindo na representação de classes sociais.
Como Souza afirma,

[u]ma das primeiras cidades, possivelmente o primeiro assentamento humano a merecer o nome de cidade, foi Jericó às margens do rio Jordão, na Palestina. Jericó é muitíssimo conhecida por estar associada por relatos Bíblico (Livro de Josué) da destruição de suas muralhas e de sua conquista pelos israelitas. (2005, p.42)

Os rituais religiosos, as oferendas aos deuses e o controle dos monarcas nas cidades são marcados pela organização social de castas[3], as quais representam as classes sociais, também presentes nos elementos das religiões monoteístas, como os hebreus.
Segundo Encarnação (1994), no período Neolítico, é possível notar a fixação como o principal fator de origem da civilização, acompanhado por atividades e práticas como a agricultura e a criação de animais, como já mencionado. Verifica-se também a caça e a mudança nos atos sexuais, que se transformou de simples prática para a reprodução em criação de laços pessoais em um lugar, o surgimento da divisão de classes por sexo e depois pelo trabalho manual. Na cidade fica evidenciado no espaço de organização dessa divisão do trabalho entre intelectual e manual.

Outra questão a ser pontuada é como se dá a divisão do trabalho como uma reorganização do sistema que mantém o povo em um lugar para originar a cidade. Essa nova organização é promissora para a divisão de classes, daí o desenvolvimento por meio da agricultura presente nas aldeias. Atividades como a agricultura e a criação de animais já manifestam um aglomerado em um território que é a essência da circulação e aglutinamento urbano. Como é argumentado por Spósito (1994, p. 14), “[e]mbutido na origem da cidade há outra diferenciação, a social: ela exige uma complexidade de organização social só possível com a divisão do trabalho”.
A autora afirma ainda que
[i]sto ocorreu da seguinte maneira: em primeiro lugar, o desenvolvimento na seleção de sementes e no cultivo agrícola foi com o correr do tempo, permitindo que o agricultor produzisse mais que o necessário para sua manutenção. Começou a haver um excedente alimentar. Isto permitiu a alguns homens livrarem-se das atividades primárias que garantiam a subsistência, passando a se dedicar a outras atividades. (SPÓSITO,.M.E.B,1994,p.14)
Para que houvesse as primeiras cidades, como se nota na região da Mesopotâmia, era necessária essa complexidade de organização social, que mesclava trabalho livre e trabalho escravo. Os grandes impérios eram marcados por essas relações de classes sociais, sendo o camponês um dos elementos essenciais no campo rural. Alguns desses elementos vão sendo ressignificados ao longo do tempo.
Nesse novo processo de organização social, que foi fundamental para se iniciar as cidades, o caçador, que anteriormente havia ficado esquecido em meio da sociedade aldeã, agora aparecia para defendê-la contra invasões de nômades (pessoas fora da aldeia) e animais ferozes. Destarte, as atividades de trabalho começaram a surgir. Como o caçador tinha essa função, os outros homens da aldeia faziam atividades como produção alimentar para ter a proteção do caçador na aldeia. O caçador protegia com armas e força física, e essa representação de força o formou como o membro mais poderoso da sociedade em que vivia, efetivando-o como chefe político, conseguindo estabelecer sua soberania hierárquica nesse contexto. Essa soberania do caçador, agora com o poder, é notada por CARLOS (1994, p.16).

A relação de dominação criada entre aldeões e caçador-chefe político-rei criou condições para uma relação de exploração. Os tributos tão característicos da vida urbana provavelmente originalizaram-se no respeito ao “caçador “traduzidos nas oferendas ao rei”“. As oferendas, e depois o pagamento sistematizado de tributos, nada mais eram do que a realização concreta da transferência do excedente agrícola, do mais-produto, revelando a referida participação diferenciada dos homens no processo de produção, distribuição e apropriação da riqueza. Aí se originou a sociedade de classes, e se concretizou a última condição necessária e indispensável à própria origem da cidade. 

Portanto, foi-se criando uma elite que governava em torno de um plantio e construção de muralhas, o que possibilitou, também, a irrigação de alimentos. Isto deu aos governantes o poder de extrair o trabalho junto aos escravos e trabalhadores livres em grande escala. Os espaços da cidade eram marcados pela representação dessas classes sociais, pois os templos religiosos e os palácios constituíam as grandes obras arquitetônicas que se destacavam nas cidades em lugares públicos, como em Roma (Coliseu e aquedutos) e Atenas (teatros).
Outro fator importante para o estabelecimento das cidades é o clima. Ele possuii grande importância para que as mesmas se situassem em locais como à margem de rios e lagos, de onde podiam regar seus plantios, especialmente quando o clima era árido. Destarte, foi possível avançar no “progresso” dessas cidades.
Podemos destacar também outras civilizações, como o Egito antigo, que possuía uma grande estrutura de civilização. As construções de templos, palácios e pirâmides eram o grande objeto da arquitetura dos egípcios. Entretanto, as construções eram feitas por meio de trabalho escravo e não remetia aos trabalhadores o seu valor no trabalho, por ser amestrada por faraós.

A Cidade é essencialmente o lócus da concentração de meios de produção e de concentração de pessoas; é o lugar da divisão econômica do trabalho (o estabelecimento industrial num determinado lugar, os galpões, os escritórios em outros), é o lugar da divisão social do trabalho dentro do processo produtivo e na sociedade e é também um elo na divisão espacial do trabalho na totalidade do espaço (tanto no nível local, regional, nacional, como no internacional) (CARLOS, 1995, p.84).
Essas cidades e civilizações já apresentavam um espaço de relacionamento urbano, já sendo possível ver a existência espaços públicos e privados, como na sociedade capitalista, mas com essência urbana e suas relações. 
Então, além do papel político e religioso, que era fundamental para a cidade, temos as classes dominantes que vinham em um processo de crescimento, desde o período Neolítico. Esta elite administrava a riqueza produzida e a acumulava, além de organizar a produção dos materiais necessários para a produção de alimentos, por exemplo, dando assim a submissão aos trabalhadores camponeses.
Portanto, as cidades, como Babilônia, se constituíam por um Núcleo, onde se estabelecia o poder central da cidade, como os reis e os sacerdotes. Assim, constituía-se também a arquitetura do lugar, com construções que simbolizavam o poder dos reis, além das proteções, como muros, que eram erguidas para conter inimigos invasores. 
Outra grande cidade que merece destaque na urbanização na antiguidade é Roma, que possibilitou, por meio do desenvolvimento econômico e político, a expansão do Império Romano e, consequentemente, a urbanização. Desta forma, anexavam-se novas áreas dominadas e novas relações que o poder central romano conseguia cunhar nessas novas regiões conquistadas. Com o declínio do império, outras áreas urbanas conquistadas, como Constantinopla, que era a sede do império no oriente, vieram abaixo. Por conseguinte, as relações comerciais foram enfraquecidas e eliminadas, como a navegação, que possibilitava transportar todo o comércio para movimentar o negócio romano, mas como isso decaiu, a única forma de fazer a economia continuar crescendo foi o plantio localizado nos feudos.




 1.2 A cidade no feudalismo e o surgimento dos burgos

Ao analisarmos outro momento histórico, como o feudalismo[4], como modo de produção, é importante ressaltar que os feudos tinham sua base econômica essencialmente agrícola, como advinda de períodos anteriores, como na antiguidade. 
Portanto, se o comércio antes se expandia, já que os mercadores possibilitavam as negociações e, consoantemente, a urbanização local e em outros lugares, agora nos feudos isso já não ocorria. A sobrevivência era mantida pelo plantio em uma área fechada, e o que já era possível produzir na cidade na antiguidade, agora era feito no campo. 
No entanto, entender a área fechada é entender que se estabeleceu um poder governante e uma territorialidade. Este governo tinha como grande meio de se permanecer no poder com a produção ali feita, ou seja, a economia era sua atividade dominação. Spósito (1994, p. 28) descreve os burgos presentes nos feudos:
Os burgos, pontos fortificados, cercados por muralhas e rodeados por fosso, eram construídos sob as ordens dos senhores ou príncipes feudais, com o objetivo de servir de refúgio a eles e seus servos, e armazenamento de animais e alimentos, em caso de perigo. Abrigavam também, geralmente, uma igreja.

A grande mudança no aspecto urbano, advinda da antiguidade, é a queda do chefe político da antiguidade. Agora o grande governante é o senhor feudal, que concentra seu poder nas terras, com a atividade imposta do trabalho de seus servos. Isso eventualmente mudou todo o complexo urbano, que perdeu toda a rede urbana existente na antiguidade. Daí surgiram as cidades-estado.
As grandes cidades foram abandonadas, a forma de viver ficou restrita ao feudo e, neste período, a preocupação com o interesse público nas cidades praticamente não existia, a não ser nas justas (combate entre cavaleiros). O campo passa ser o principal lugar de moradia da maior parte da população, e todos os problemas são resolvidos no feudo. As feiras dentro dos castelos eram os elementos urbanos existentes. A sociedade feudal possuía características como sintetizado por Spósito (1994, p.27) quando afirma que

[a] principal característica do modo de produção feudal é sua base econômica quase que exclusivamente agrícola. A nível do econômico, esse modo de produção tinha sustentação em dois "pilares": a mudança do caráter dos latifúndios e a instituição da servidão.
   


1.3 A cidade no capitalismo

Ao chegarmos à sociedade capitalista, notam-se avanços, se comparada aos Períodos anteriores. A urbanização capitalista traz todos os elementos já existentes na urbanização do período Paleolítico, passando pela antiguidade e pelas cidades feudais. Se anteriormente a existência da urbanização era discutível, no capitalismo isso fica fora de questionamento, pois os preceitos mostram que a divisão de classe no capital é evidente, e a ocupação no espaço urbano declara essa divisão, como Fani (1994, p. 83) ressalta ao dizer que

[a] reprodução do espaço urbano recria constantemente as condições gerais a partir das quais se realiza o processo de reprodução do capital. Se de um lado aproxima a indústria, as matérias-primas (e auxiliares), os meios de circulação (distribuição e troca de mercadorias produzidas), a força de trabalho e o exército industrial de reserva, de outro lado “aproxima” pessoas consideradas como consumidoras. 

Nesse processo originado pela classe burguesa, que tinha conseguido essa destruição dos fundamentos do sistema feudal por meio da implantação do comércio, como a agricultura fechada e a servidão, agora o capitalismo propicia por meio de sua produção e comércio a urbanização mundial.
No contexto capitalista, o conceito de urbanização[5] vai além de uma perspectiva econômica. Ela se torna social, política, jurídica, ideológica e cultural, o que faz com que o espaço urbano se reproduza não apenas por atividades econômicas.
Para entendermos a cidade capitalista, este trabalho ater-se-á a uma percepção de cidade contrária à apresentada aqui, e que mostre suas diferenças e a perversidade que está entrelaçada à mesma. Nesta percepção, buscam-se novas explicações através de outra vertente, como se nota na afirmação de Reclus (2010, p.18), na qual tem-se que

a cidade que surge no capitalismo procura esconder seus problemas.Qual é a relação de todas essas questões com a cidade? É simples: a cidade representa o elemento mais artificial, por definição, o mais construído, o menos “natural” da humanidade.

A ocupação do espaço da cidade segue a lógica das relações capitalistas colocadas no tempo histórico estudado. Claro que várias características entram presentes; no entanto, a dinâmica da cidade é apropriada conforme os interesses das classes sociais que se beneficiam da cidade.

O processo de desenvolvimento urbano metropolitano se dá de modo rarefeito, deixando vastas áreas vazias dentro da mancha urbana, como reserva do valor. A periferia é o destino do trabalhador de baia renda, em áreas pouco valorizadas pela dificuldade de acesso, deficiência de infraestrutura e condições de habitualidade; localização está determinada pelo processo de valorização do solo urbano, acentuada pelos investimentos públicos, que, ao produzirem infraestrutura urbana, ocasionam a valorização das terras. (FANI,1994,p.156)

As relações estabelecidas na cidade é que vão se orientar em um aglomerado urbano. Dessa forma, temos as atividades preponderantes para a circulação e formação do meio urbano. Como se percebe mais facilmente em regiões de grandes cidades, o comércio é um agente econômico que movimentam capitais e segrega cidadãos. Assim, o consumo, bem como a prestação de serviços em regiões de grande fluxo nos revelam essa segregação ativa. 
O grande fato expressivo do contexto de industrialização que motivou e acelerou a vida urbana foi a revolução industrial, pois ela trouxe consigo a predominância de trabalho assalariado e também uma acumulação por meio do maquinário usado. A tecnologia que os trabalhadores começaram a receber para uso na produção fez com que a mão de obra fosse cada vez menos remunerada em toda essa produção. Com o incremento da ciência e tecnologia no ambiente proletário, como a máquina a vapor no primeiro momento da industrialização, se podia avançar mais rapidamente e acumular capital. Para começarmos a entender esse processo na sua conjuntura de urbanização, a partir do aumento populacional das cidades e da mão de obra nas fábricas existentes nas cidades, o presente estudo verifica uma tendência crítica a a esse modelo de nova localização da humanidade.
(complementando essa analise temos que)
Para Rousseau (apud RECLUS, 2010, p.64), a nova fixação humana não era benéfica é evidenciado no trecho a seguir. Como na perspectiva de um Geógrafo anarquista, dessa forma,

Reclus não adota uma posição fechada em relação ao fenômeno urbano, e às profundas mutações sociais, especiais ou ecológicas que o acompanham. Ele lembra, por sinal, que, em todos os tempos, bons espíritos lamentaram a existência das grandes cidades, como “Rousseau[que], deplorando o aviltamento de tantos camponeses que se vão perder nas grandes cidades, denomina-as abismo da espécie humana.

Esse processo já vinha de períodos passados. Portanto, a produção estava cada vez mais concentrada na cidade, a qual se transformava internamente a cada momento. Depois que a revolução da indústria aconteceu, atividades como o mercado financeiro bancário e o capitalismo concorrencial apareceram com grande velocidade, todas se situando dentro da cidade como capital fixo e formadores de urbanização. Tal qual destaca Fani (1994, p.97),

[o] espaço urbano (re)produz-se como produto e condição geral do processo produtivo. Do ponto de vista do capitalista. Aparece como capital fixo. Sua estruturação se dá de forma a permitir a circulação da mercadoria, da matéria-prima e da mão-de-obra, bem como a viabilização do processo produtivo.

Portanto, a cidade é um lugar bastante propício para o aumento e a articulação do capitalismo, pois tudo tem um determinado lugar. A produção capitalista está bastante ligada à relação campo e cidade, sendo possível  articular as relações do sistema neste mesmo local: a cidade. Estando a produção, a distribuição e consumo presentes nesse lugar, é notório o melhor lugar para o mercado de relações capitais serem aquecidos, o que nos leva a concluir, assim, que a cidade é o melhor lugar para o capital se desenvolver.
Dessa forma, os espaços urbanos na cidade estão cada vez mais diferentes uns dos outros, pois há, na mesma cidade, atividades de produção, distribuição, atendimento, e consumo, bem como outras, como lazer, entretenimento, relações humanas. Se o indivíduo se encontra distante de áreas espaciais que estejam no contexto urbano do capitalismo frequente, ele encontrar-se-á à margem dessa perspectiva urbana.
Pelo fato das classes sociais estarem divididas em distantes espaços urbanos, a cidade não está sendo usada, e a urbanização está sendo originada em centros. Estes mesmos centros originam o que o espaço urbano vai ser para as outras centralidades da cidade urbana.
Ao seguir com o entendimento da cidade urbana no Brasil, o presente trabalho passa a ver a cidade, mas agora internamente, por meio das migrações. Dessa maneira, o “cidadão” metropolitano será o sujeito pesquisado. Sendo assim, a cidade ganha uma conotação nas camadas sociais, as quais possuem acentuadas diferenças dentro de uma sociedade capitalista, se comparar uma grande megalópole a uma cidade pequena e interiorana. 

CAPÍTULO 2. URBANIZAÇÃO BRASILEIRA

Neste capítulo, entenderemos as dinâmicas a respeito da cidade capitalista e de que forma ocorre a mobilidade para as pessoas que vivem nela. A partir dessa prerrogativa, vamos analisaras classes sociais, fazendo com que o cidadão urbano ganhe uma conotação importante para a divisão de classes presente na cidade. Poderemos verificar acontecimentos históricos que movimentaram os rumos da sociedade brasileira, até o presente momento.
Ao chegarmos ao contexto de urbanização brasileira, deve-se entender a cidade brasileira. Nessa primeira abordagem, discorreremos sobre a história das cidades brasileiras, para que possamos entender os caminhos até a urbanização.
Ao tentarmos entender os caminhos pelos quais a urbanização se estabelece no Brasil, temos que buscar um resgate histórico, essencial para compreendermos a dinâmica de concentração das cidades no litoral brasileiro.



2.1 Urbanismo no Brasil

A urbanização brasileira se encontrava em grande proporção na costa marítima do Atlântico, desde o período colonial. À época da chegada dos colonizadores portugueses, eles se estabeleciam nos chamados Sítios Urbanos. É possível compreender o estabelecimento do sítio urbano por ele já estabelecer um caminho para a urbanização que se sucederia. M.Marx (1980, p. 19) afirma que
[a]s primeiras fundações se fizeram no litoral para sua ligação com a metrópole lusitana e com o resto de um império voltado, conformado e cimentado pelo mar. Por isso, o porto foi essencial e decisivo para situar uma feitoria nova. Depois, a necessidade de defendê-lo impôs determinados acidentes geográficos, como uma elevação em Porto Seguro ou uma ilha em Itamaracá. A preocupação com a defesa e a busca de condições topográficas especiais é testemunhada, também no interior, pela implantação de São Paulo de Piratininga.

A lógica colocada pelo referido autor sintetiza o processo de ocupação do país e a concentração populacional que existe próximo ao mar. A maior parte da população brasileira encontra-se no litoral, avançando no máximo 200 km para dentro, e quando observamos as principais capitais, é possível perceber essa relação, construída nesse período e continuada posteriormente. Os interesses estratégicos, relacionados à lógica do capital, são essenciais para essa compreensão da realidade.
Começaremos a entender essa lógica na implantação urbana de Portugal sobre o Brasil, a qual se deu com os traslados dos colonizadores.
O sítio urbano era uma região que os portugueses escolhiam para se estabelecerem no litoral brasileiro. Em razão da cana-de-açúcar, que era o principal produto da época e cultivado naquela região, a urbanização nesta região foi pioneira, mas a intenção dos colonos também era algo visível, tanto que houve um planejamento para isso.
No período colonial, vemos as implantações propositais dos portugueses, a fim de atender seus interesses, como o comércio. Tendenciosos para alavancar e expandir os chamados sítios, pois havia a necessidade de implantar as instituições em outros lugares, esses sítios urbanos se encontravam em locais bastante distintos, com acidentes físicos, como o desemborcar de rios e lagoas no Rio de Janeiro.
Os sítios apresentavam especificidades no espaço físico, como descreve M.Max (1980, p.20), ao afirmar que
[a]lgumas ilhas, ou melhor, os canais que as separam do continente, mais protegidos das correntes marítimas e dos ventos propiciaram o estabelecimento de São Sebastião e de São Francisco do Sul. Outros exemplos se sucedem de norte a sul por milhares de quilômetros e se correspondem a Bissau e Mombaça no litoral africano.
Todo sítio no Brasil se remetia à sua origem, como uma necessidade de satisfação dos portugueses. Eles se situavam em locais como bairros e cidades hoje conhecidos como Penha, Penedo, Serro, Sabará, Tijuco, Alto da Lapa, Cachoeira e Itu, pois apresentam elevação ou desnível do terreno.
Havendo um plano urbanístico de implantação na colônia, os portugueses inseriram uma arquitetura particular nos sítios, como ruas tortas, esquinas de ângulos diferentes, ladeiras, etc. É interessante entender os caminhos pelos quais o urbanismo feito pelos portugueses foi se apresentando nos sítios e depois cidades maiores. Era possível ver tabuleiros, adaptações em terrenos topográficos acidentados como no caso de Salvador, primeira capital administrativa. Ali, foi primordial a adaptação e a formação de um centro articulado.
Não somente o urbanismo já implantado à época, mas as instituições trazidas pela metrópole também estabeleceram a urbanização desse período. Havia instituições advindas da metrópole, a igreja era a principal delas e, que com muita frequência, juntamente ao governo local e à metrópole, estabelecia influência no lugar com capelas, curadas, paróquias, sés, irmandades e conventos. Essa tendência atraía facilidades para os moradores das cidades, por criar relações de negociações e até mesmo o poder administrativo acompanhava a instituição religiosa. Contanto que as estruturas acompanhassem esse processo e intercalassem o religioso com o administrativo, as pessoas se sentiam à vontade para criar núcleos urbanos.
Nessa etapa, a produção do café foi um importante meio econômico para a criação dos núcleos, juntamente com as instituições administrativas e religiosas. M.Marx(1980, p. 28) nos apresenta que

[n]a irregularidade usual e ao longo do serpenteado de construções, encontravam-se os estabelecimentos religiosos com importante papel, sócio-econômico-cultural no passado. Quase sempre, sua presença e influindo as do governo local ou metropolitano. Em torno das capelas, capelas curadas, paróquias, sés, irmandades e conventos surgiram as maiores concentrações de vida e de privilégio nas cidades.

As ruas, praças e jardins, no decorrer da história da urbanização brasileira, sofreram interferência, principalmente da religião, com formações de ruas, apropriação de jardins e praças, pois todos estes locais tinham um conjunto simbólico para a demonstração de poder da fé ou mesmo do poder administrativo.    No período colonial, essa concentração de instituições com capelas criou, assim, arraiais urbanos e teve como destaque Vera Cruz e Ouro Preto. A última, que mesmo sem ser uma cidade constituída, era a capital de Minas Gerais. Outras cidades no oeste e no sul do Brasil apresentavam as mesmas características urbanas, mas, com a desembocadura dos rios, foram fundamentais na evolução da urbanização no país.
O Brasil alcançou outro nível de desenvolvimento urbano a partir das construções de linhas ferroviárias e posteriormente da industrialização, já no século XX. A própria estrada de ferro já se apresentava como uma divisão de classe, mas ela estava dividindo as cidades que aumentavam a sua população em detrimento de outras, como de São Paulo para Campinas e de Santos para São Vicente.
O dito sertão do Brasil ganhou ares de urbanização com os incrementos da indústria e funcionalismo público. Esses aspectos foram o ápice da modernidade para a construção de uma nova capital, cravada no centro do país e que representasse o que havia de novo nele.
Para que essa urbanização pudesse ocorrer, houve alguns elementos necessários. As construções de rodovias apareceram nesse período, dando início a um povoamento no interior brasileiro a partir da década de 1950.Vemos, então, a necessidade de cidades planejadas que atraíam mais pessoas em busca de um eldorado que não se concretizou, especialmente para os trabalhadores que se estabeleciam à procura de subemprego com mão de obra barata.
A partir da década de 1970, temos um aumento grande na procura por serviços públicos ou privados nas cidades grandes, para que houvesse maior qualidade de vida, mas que nunca teve a mesma distribuição a todos na rede intraurbana da cidade. Ainda sobre esse urbanismo interno, temos que
[n]a segunda metade do século seguinte e nos nossos maiores aglomerados despontaram outros reservatórios, condutos e registros aglomerados despontaram outros reservatórios, condutos e registros. Eram aqueles que armazenavam e transportava o gás, exigência nova do vier cotidiano. Igualmente subterrânea. Outra rede complicada passou a existir e a satisfazer diferentes necessidades como a de combustível para cozinhar, para aquecer o ambiente e a água para fornecer luz em casa na rua bem com para atividades industriais. (M.MARX, 1980, p.123)

Esse atendimento em áreas diferentes da cidade se deve a aglomerações de diferentes classes sociais advindas de um processo de migração, oriundo do meio rural para o urbano. A população brasileira aumentou nas grandes cidades do país, estabelecendo um complexo de desigualdade social.

        2.2 Consequências do crescimento urbano e êxodo rural

A urbanização brasileira, durante séculos, se manteve em submissão a um país essencialmente agrário. Com o advento da formação de RIT[6], nas regiões metropolitanas, como em Salvador, que foi a primeira cidade a formar uma região metropolitana no Brasil. Houve a tendência ao crescimento no meio urbano, se antes a cidade era mais uma emanação de poder, ou seja, ditava o poder constituído ao campo, agora na urbanização ela se manifesta com outros fatores de amplitude política e econômica.
Para que consigamos entender o contexto de movimento populacional, nos baseamos na evolução da população agrícola, como argumenta Santos:

O forte movimento de urbanização que se verifica a partir do fim da segunda guerra mundial é contemporâneo de um forte crescimento demográfico, resultado de uma natalidade elevada e de uma mortalidade em descenso, cujas causas essenciais são os progressos sanitários, a melhoria relativa nos padrões de vida e a própria urbanização. (SANTOS, 1994, p.31)

Para que possamos entender o que está sendo o fomentador da questão de movimentação, iremos nos ater a como esse processo está acontecendo no Brasil, como descrito na obra de Santos (1994, p.31), em termos de dados quantificados.

Entre 1940 e 1980, dá-se verdadeira invasão quanto ao lugar de residência da população brasileira. Há meio século (1940), a taxa de urbanização era de 26,35%, em 1980 alcança 68,86%. Nesses quarenta anos, triplica a população total do Brasil, ao posso que a população urbana brasileira passa dos 77%, ficado quase igual à população total de 1980. (SANTOS, 1994, p.31)

Apesar de ser sobre um período histórico passado, essa pesquisa traz uma realidade bastante presente no Brasil de hoje, onde temos a maior parte da população vivendo em centros urbanos.
Já o aumento da população rural ocorre em determinadas regiões, como afirma Santos ao dizer que
[a] população agrícola cresce em todas as regiões, entre 1960, 1970 e 1980, exceto no Sudeste onde, após haver diminuído entre 1960 e 1970, obtém, em 1980,um volume quase semelhante, mas ainda inferior, ao de 1960. Tomado o período 1960-1980, a população rural apenas cresce nas Regiões Norte e Nordeste. A baixa somente é contínua, isto é, abrangendo os períodos 1960-1970 e 1970-1980, para a Região sudeste. Quanto às Regiões Sul e Centro-Oeste, que obtiveram ganhos entre 1980 é bem inferior à de 1960. Quanto à Região Centro Oeste, ela perde mais de 200.000 rurais, entre 1970 e 1980. (1994, p.32)

Em Goiás, o aumento populacional através da migração alcançou elevados números no pós década de 1970, quando as oportunidades nas indústrias do Sudeste do Brasil já não eram tão concentradas como anteriormente, havendo assim uma diversidade de novos postos de emprego para as outras regiões brasileiras. O investimento nas atividades econômicas, sobretudo na agropecuária do Centro Oeste, alavancou as perspectivas de oportunidades para os brasileiros advindos de outras regiões. Esses investimentos em produção agropecuária, como criações de gado ricas e fazendas leiteiras, se deram em conjunto com a política de Vargas, ainda na marcha para o Oeste, que possibilitou e preparou a região para a construção de Brasília em 1950. Com isso, aumentou a urbanização na cidade, especialmente as capitais.
Um grande certificador do aumento populacional é, sem dúvida, os dados dessa urbanização. O mapa seguinte mostra o cenário no Brasil


















 






















Fonte: IBGE Diretoria de Geociências, Departamento da Geografia, Sinopse preliminar do Censo Demográfico-1991.

2.3 O migrante segregado

Em sua chegada às grandes cidades brasileiras o migrante vindo do meio rural se assusta com a urbanização das grandes cidades, onde ele vê a infraestrutura não chegar às periferias, que é onde ele se estabelece nas grandes cidades.
A criação de guetos, favelas e cortiços são exemplos de como essa população se estabeleceu nas grandes cidades. Devido à distribuição desigual do solo, em que a maior parte ficou concentrada em locais de áreas nobres da cidade, e que possuem serviços sociais funcionando e de boa qualidade, esses migrantes foram obrigados a ocupar áreas com baixa ou nenhuma infraestrutura.
Segundo Santos (1994, p.96), as cidades do Brasil têm problemas semelhantes por compartilharem características de tamanho, atividades e região onde se localizam. Os problemas como emprego, habitação, transporte público, lazer, água tratada, esgoto canalizado, educação e saúde se revelam grandes obstáculos para os segregados urbanos.
Estes problemas são provenientes de uma situação social referente às periferias das cidades. No Brasil, essas regiões periféricas se apresentam como o grande espaço de aprisionamento segregatício, conhecido como favela, que se formou devido à distribuição desigual de renda no país e o déficit habitacional.
Maricato (1994, p.23) questiona como está à vida das segregados no meio urbano ao dizer que

[a] vida nas cidades brasileiras piorou muito a partir dos últimos anos da década passada. Considerando que a herança histórica já não era leve, e o que aconteceu para torná-la pior?

Segundo o autor, o Brasil é um país periférico do capital, no qual havia regime de escravidão até há pouco mais de um século.
Em uma análise real da sociedade brasileira, temos que parte da população vive abaixo da linha da miséria, e sendo segregada, como já analisamos anteriormente. Os principais lugares onde esses brasileiros estão presentes são as favelas do Brasil. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),foi feita uma análise sobre a condição de vida da população brasileira na qual foram abordados os aspectos de demografia, famílias e domicílios, educação, trabalho, padrão de vida e distribuição de renda e saúde.
A distribuição de renda é significativa para entendermos esse fato da condição dos jovens que residem em periferias dos centros urbanos brasileiros, especialmente quando nos remetemos à locomoção desses estudantes e trabalhadores. O que vem ocorrendo nas classes populares mais baixas é que, justamente por serem elas as que mais utilizam o transporte público, são elas as que mais se movimentam em grande quantidade ao mesmo tempo na cidade e não têm um transporte eficiente e mobilidade que possam contemplar esse transporte.  A consequência é termos a cidade sendo espacialmente travada em seu fluxo urbano, criando-se espaços-prisões. É necessário, então, entendermos como essas barreiras determinam onde se pode ir, o que, por conseguinte, nos dá a importância do estudo sobre a mobilidade do transporte "público" do Brasil e as condições da população em pagar a tarifa do mesmo.
A conjuntura histórica se apresenta pela baixa, ou até mesmo falta de ação do poder público brasileiro, que ao longo de sua trajetória não criou políticas de habitação adequadas aos descendentes de escravos libertos no Brasil. Portanto, os cidadãos pobres eram colocados em lugares afastados dos centros das cidades. O poder público apenas oferece ajuda social mínima aos segregados por meio de programas sociais para constituir o mínimo de ação do poder público em relação aos segregados. A tabela a seguir nos remete a essa condição.
Tabela 2- Famílias inscritas no Cadastro Único, total e
Proporção de famílias inscritas, por algumas características,
 Segundo as Unidades da Federação - set. 2013












Unidades
da
Federação
Famílias inscritas no Cadastro Único
Total
Total
Proporção de famílias (%)
Características
Características
Com renda
per capita
mensal
até 1/2
salário mínimo
Beneficiárias
do
Bolsa Família
Com renda
per capita
mensal
até 1/2
 salário mínimo
Beneficiárias
do
Bolsa Família
               Brasil 
26 229 277
23 576 574
13 841 665
89,9
52,8
Rondônia
 237 360
 206 888
 116 448
87,2
49,1
Acre
 116 518
 112 479
 73 961
96,5
63,5
Amazonas
 524 556
 490 156
 343 382
93,4
65,5
Roraima
 74 440
 69 678
 46 256
93,6
62,1
Pará
1 234 592
1 162 772
 836 429
94,2
67,7
Amapá
 82 824
 80 172
 52 519
96,8
63,4
Tocantins
 263 914
 232 553
 137 164
88,1
52,0
Maranhão
1 409 212
1 316 985
 959 193
93,5
68,1
Piauí
 710 936
 661 643
 449 313
93,1
63,2
Ceará
1 758 044
1 628 505
1 091 606
92,6
62,1
Rio Grande do Norte
 641 636
 587 202
 359 858
91,5
56,1
Paraíba
 809 619
 754 986
 502 980
93,3
62,1
Pernambuco
1 860 473
1 754 511
1 143 671
94,3
61,5
Alagoas
 659 836
 622 166
 438 240
94,3
66,4
Sergipe
 422 298
 394 345
 271 883
93,4
64,4
Bahia
2 970 428
2 712 893
1 790 089
91,3
60,3
Minas Gerais
2 669 585
2 319 471
1 160 737
86,9
43,5
Espírito Santo
 442 798
 388 440
 196 502
87,7
44,4
Rio de Janeiro
1 507 444
1 377 202
 816 920
91,4
54,2
São Paulo
3 259 640
2 867 309
1 288 589
88,0
39,5
Paraná
1 205 118
1 000 038
 423 029
83,0
35,1
Santa Catarina
 470 017
 373 137
 141 210
79,4
30,0
Rio Grande do Sul
1 093 054
 933 851
 450 344
85,4
41,2
Mato Grosso do Sul
 351 127
 282 017
 141 399
80,3
40,3
Mato Grosso
 426 127
 359 870
 183 383
84,5
43,0
Goiás
 784 047
 667 113
 338 271
85,1
43,1
Distrito Federal
 243 634
 220 192
 88 289
90,4
36,2






Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.





Tendo grande deficiência em usufruir da cidade em seu complexo urbano, a partir dos anos 1970, com o êxodo rural, as favelas se apresentam bastante grandes, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo.
No Rio de Janeiro, as favelas foram criadas em meados do século XIX, sendo uma grande agravante da segregação social, aliada à decadência do café, principalmente no Vale do Paraíba, e também à abolição da escravatura no Brasil.
Vemos que no Brasil as favelas são subjugadas pelo poder público e seus apoios sociais como uma área que cresceu demais e não haveria outra saída.
Segundo Sousa (1999),grande parte da população se utiliza de um senso comum, e considera o tamanho da cidade e seu crescimento desordenado naturais, ocasionando o “caos urbano”.
Mas uma análise geográfica e sociológica consegue nos dizer o que propicia a atual situação.
A conjuntura da população dominada no Brasil atravessa sérias dificuldades, as quais têm origem no poder público administrativo, pois há um grande descaso em relação ao povo, especialmente nas grandes metrópoles, como São Paulo e Rio de Janeiro. A situação fica ainda mais evidenciada com a afirmação de Sousa, que diz que
[...] São Paulo e Rio de Janeiro surgem como realidades particularmente problemáticas. Em face do enorme déficit habitacional já existente nessas duas metrópoles e a despeito da sensível diluição do crescimento populacional, a gravidade do problema da falta de maradas adequadas para uma larga parcela da população atinge proporções colossais nas duas metrópoles nacionais (Sousa, 1999, p.14).


Esses problemas sociais, agregados a outros, como o desemprego e o aumento do tráfico de drogas nos espaços segregados, são fatores relevantes para entendermos a dificuldade dos segregados urbanos, no seu contexto social, vivido nas metrópoles.
Percebe-se que onde o poder público não consegue chegar e estabelecer sua “Ordem”, os segregados não reconhecem o Estado brasileiro e cria sua “Ordem” ou “Desordem” por conta própria.
Nesse contexto, nas favelas aparecem atividades ilegais, como a venda de produtos informais, furtos e o tráfico de drogas. Estas atividades acontecem por contada procura desenfreada para atender as necessidades da sociedade, mas não são oferecidas às camadas sociais de baixa renda. A forma encontrada se se inserirem na sociedade é através da prática de meios alternativos de renda.
No Rio de Janeiro, temos a criação do CV (Comando Vermelho) que atuaria nas cadeias e nos morros cariocas. Essa organização, mantida pelo tráfico de droga, apareceu nos anos 1980, uma década após a grande migração para a capital fluminense. Nomes como Escadinha e Fernandinho Beira-mar se destacam nesse período.
Podem-se elencar ainda mais elementos utilizados para a segregação das pessoas nas favelas do Brasil. Em Recife, temos algumas peculiaridades que se podem notar em outras cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro. Temos em SOUSA (1999) um elemento fomentador da segregação, como ele mesmo descreve:

Recife é tanto quanto “mal-amada”, inclusive por conta de outro dos problemas apontados por Jan Bitoun-aquilo que ele chama, simbolicamente, de “cultura da cana-de-açúcar”, referindo-se ao tradicionalismo e à rudeza do pode das elites locais. Em sua opinião, as elites recifenses são pouco propensas “a reconhecer uma parte da população como gente(lembrando que nada menos que cerca da metade fda população do município-núcleo vive em favelas). (SOUSA,1999,p.309, grifos do autor)

Como foi analisado, o migrante urbano se encontrava em indução à segregação e retenção do espaço vivido. Nesse contexto, o transporte público é uma via de locomoção fundamental para atender às necessidades do “Cidadão”.
Reconhecendo que há a necessidade de políticas públicas no transporte que possam atender a essa demanda, veremos no próximo capítulo como têm ocorrido as lutas por um transporte público mais condizente com as necessidades dos populares. Para tanto, é de fundamental importância entender como os movimentos sociais têm atuado no objetivo de melhorar essas condições, especificamente na cidade de Goiânia.


 CAPÍTULO 3 – DA PRECARIEDADE DO TRANSPORTE DE MASSA À REAÇÃO DA POPULAÇÃO

         Ao analisarmos a produção do capitalismo no espaço urbano, percebemos que sua organização gera conflitos que envolvem a ocupação das cidades e afetam, principalmente, a classe trabalhadora. Os serviços oferecidos pelo Estado tornam-se, assim, alvo constante das reivindicações sociais, pois se tornam ineficientes para a maior parte da população. Nessa perspectiva, estudaremos as manifestações referentes ao transporte público no Brasil.

3.1 Transporte público: o reflexo da desigualdade
         Os movimentos que surgiram contra o aumento da passagem do transporte público refletem a indignação frente a uma situação de precariedade constante nas grandes cidades brasileiras.
         Segundo Gohn (2000), os movimentos sociais são analisados por diferentes autores e abordagens, os quais visam identificar as formas destas movimentações. Vale ressaltar que as abordagens sociológicas possuem primazia nessas análises. Contudo, é possível entender as características de um movimento social pelas ações de seus integrantes. Gohn (2000) estabelece essa relação em uma síntese sobre o movimento social.
         Há cinco grandes principais correntes acerca do que sejam movimentos sociais. A primeira importante teorização vem da Escola de Chicago e alguns internacionalistas simbólicos. O trabalho de Harbert Blumer (1949) apresenta a sociologia como sendo a ciência para a investigação social. Fundada em 1892 por W. I. Thomas, a escola é a tradição do internacionalismo. O reformismo social é o limite para a teoria com transformação social. Via-se a necessidade de líderes, como colocado por Park (2000). Essas lideranças seriam elites reformistas científicas e com características como o voluntarismo, que seria um resultado natural da integração grupal.
         O interesse de mestres da escola de Chicago pelos movimentos sociais se dá pela ideia de “desenvolvimento de comunidade” e pelo processo de educação para o povo. Dessa forma, a ideia é de que a sociologia formasse um estudo científico a fim de descobrir como a mudança social ocorre. Basicamente, essa escola prima por entender que os movimentos eram vistos como ações advindas de comportamentos coletivos conflituosos
         A segunda teoria se apresenta no decorrer dos anos 1940 e 1950. Nesse período, os teóricos Eric Fromm (1941) e Hoffer (1951) apresentam uma teoria do ponto de vista dos militantes de movimentos sociais.  Apresentam-se ações advindas de participantes desconectados das relações em ações normais e tradicionais. Trata-se de uma corrente mais preocupada com o comportamento coletivo das massas, vendo-o também como fruto da anomia e das condições estruturais de carências e privações. Essa corrente se preocupa mais com o totalitarismo de movimentos presentes no século XX.
A terceira corrente, predominante nos anos 1950, possui um caráter presente de várias políticas. Seus principais teóricos são S. Lipet (1950) e Heberle (1951). Nestes termos, tem-se que as classes sociais de produção buscam como entender a mobilização partidária diante do voto e poder político de cada classe social. O movimento social aqui é entendido como sintonia de descontentamento entre pessoas com a ordem social vigente e seus objetivos seriam a mudança dessa ordem social.
A quarta corrente é uma combinação das teorias de Chicago e a teoria da ação social de Parsons. A análise feita nesta fase é sobre o início do comportamento coletivo das pessoas até a construção de ação coletiva e como elas agirão em grandes proporções. Já a discussão sobre em que ponto as pessoas deixam de lado a vinculação política e as estruturas presentes na sociedade moderna ou as antigas decorre do trabalho de pesquisa de Smelser. Contudo, todos estes estudiosos entendem que um movimento social se institucionaliza quando alcança um alto grau de estabilidade interna, ganha posição reconhecida dentro de uma sociedade mais ampla, passa a ter algumas funções nela e estabelece algumas áreas de competência.
A quinta e última teoria denomina uma organização institucional, e é representada pelos trabalhos de Gusfield (1955) e Selzinick (1952). Ela vem de uma substituição dos paradigmas já estabelecidos, mas não conseguiu chegar a ser especificamente uma teoria na sua época. Apareceu novamente nos anos 1990 com alguns teóricos, como Gusfield e estabeleceu uma nova necessidade de se estudar os movimentos sociais. Esta corrente acredita que é necessário entender o comportamento coletivo agrupado em organizações com objetivos específicos. Assim, estabelece duas formas de movimento social: movimento como status, que é um movimento voltado para atender um privilégio de um grupo social, e o movimento expressivo, que é marcado por comportamento menos objetivo ou pela procura de metas relacionadas com o descontentamento. (GOHN, 2000)
         Nessa perspectiva, a teoria que usamos para identificar essas manifestações, teoria de Parsons, Entende-se este movimento como um questionamento das condições de classe a que são submetidos os indivíduos a ela pertencentes pela divisão que o capitalismo exerce sobre as suas classes.  Sua ocorrência é devido ao processo de oligopólio, tanto na economia do mercado de trabalho quanto em outros setores do capital, causando a segregação espacial urbana, tão clara nas grandes cidades, mas que também ocorrem em cidades médias e pequenas.
Além dessa teoria a que mais me simpatizo é mesmo a terceira teoria dos teóricos: S. Lipet (1950) e Heberle (1951), onde nela se possibilita e se conduz a transformação radical social.
          A luta por um transporte de qualidade no Brasil é um dos fatores de mobilização ao longo da nossa história social. O deslocamento na cidade relega as populações assalariadas pertencentes à classe trabalhadora à convivência com péssimas condições. Nesse transporte, a maioria das empresas privadas que controla esse serviço têm na concessão[7] e licitação[8] um instrumento que implica ser do Estado a permissão para explorar esses serviços. No entanto, estes serviços não são bem prestados aos usuários como Peixoto (2000) afirma, ao entrevistar o vereador Fábio Tokarski e membro do transporte coletivo na Câmara dos Vereadores de Goiânia, cidade a ser analisada nessa pesquisa. Ele cita em entrevista que
O principal problema é a gestão, a falta de licitação das linhas, a falta de planejamento, fiscalização e controle, esse é o principal problema. Ele se exterioriza para o usuário como superlotação, atrasos dos ônibus, conservação dos terminais, mas, mais do que isso. [...] Existe um conjunto de irregularidades na concessão dessas linhas, e essas irregularidades são, digamos assim, sufocadas com o poder econômico. De uso de concessão que não solicitam linhas novas, como a de relicitação [...] Essas irregularidades vão se exteriorizando também a partir do número insuficiente de linhas, do insuficiente cardápio, não só do número, mas do tipo de linhas, do tipo de ônibus (PEIXOTO, 2000, p.163-164)

         Ou seja, essas empresas que têm o direito de conduzir o transporte público se perpetuam nesse serviço, impedindo qualquer forma de concorrência.
         O ônibus coletivo do transporte urbano presta um serviço no qual o deslocamento torna-se uma mercadoria no capitalismo, fazendo com que a locomoção das pessoas seja tarifada, deixando de tratar a lógica de locomoção como uma ação essencial humana.
         Dessa forma, a concessão a empresas de ônibus de Goiânia, por exemplo, se encontra no poder das mesmas companhias há décadas, como o a Rápido Araguaia do Grupo Odilon Santos e a HP. Essas empresas estão vinculadas ao Governo do estado de Goiás e à prefeitura.
         A RMTC (Rede Metropolitana de Transporte Coletivo), apresenta o sistema[9] de Goiânia como sendo controlado por poucas empresas. Entre as que estão em operação, podemos citar a Rápido Araguaia Ltda., a HP Transportes Coletivos Ltda., a Viação Reunidas Ltda., a Cootego (Cooperativa de Transportes do Estado de Goiás), e a estatal Metrobus Transporte Coletivo S.A., que são responsáveis pela produção e execução dos serviços ofertados na RMTC. A Rápido Araguaia, que já opera a desde os anos 1970[10], por exemplo, atende Goiânia e mais 17 cidades circunvizinhas da capital, abrangendo 100% do sistema da RMTC. Estas empresas operam sem qualquer outra forma de concorrência.
         Foi exatamente nesse contexto de concorrência que apareceu o transporte alternativo em 1998. Ele surgiu como produto de algo que vai além da insatisfação do usuário com o tempo gasto e o nível do ônibus utilizado. Na verdade, ele surge com a necessidade de concorrência do transporte na cidade.
         Em reportagem à TV Serra Dourada (afiliada do SBT em Goiás) de Goiânia no dia 25 de fevereiro de 2014, o repórter Lucilo Macedo vai até o terminal de ônibus do Jardim Novo Mundo e entrevista usuários. Nos relatos, os passageiros dizem que o transporte é péssimo, com ônibus velhos e que quebram na estrada, o que culmina, muitas vezes, no atraso da chegada dos usuários aos seus locais de trabalho. O repórter presenciou a demora de 50 minutos na chagado do ônibus de uma das linhas que saem do terminal até a plataforma de embarque. Houve, ainda,  a troca feita pela RMTC o detalhe que trocaram o ônibus da linha 223 foi trocado por outro novo pela presença da reportagem que estava ali no momento. A reportagem segue e mostra o ônibus que diariamente faz a linha 223 no Terminal Novo Mundo e se depara com ferrugens nas cadeiras e no piso do veículo, além de sujeira Essas linhas são diariamente feitas por ônibus chamados de “sucatas”[11].
         A compra[12] de novos ônibus foi feita somente no dia 08/05/2015. A frota municipal ganhou 70 veículos modernos que emitem 80% menos poluentes. A população reconhece melhoria, mas ainda assim reclama dos atrasos e da superlotação. 
         A estrutura mecânica do ônibus, utilizada para transportar pessoas reflete na qualidade do transporte. Vamos, a seguir, entender como é o automóvel de transporte de passageiro. Como apontado por Whight (1988, p. 36),

[ô]nibus urbano “convencional” é uma carroceria de má qualidade montada em cima de um chassi de caminhão. A suspensão dura os degraus altos, as portas estreitas e a roleta mal posicionada são fatores que incomodam os passageiros e dificultam seu acesso e egresso. Esse veículo recebe péssimas notas com relação a conforto, ambiente psicossocial, facilidade de transportar pertences, salubridade e ruído. Somente o automóvel polui mais que o ônibus em relação ao número de pessoas transportadas. A frequência é boa apenas nos corredores: a pontualidade e a velocidade também costumam deixar muito a desejar.

            Esses relatos citados acima mostram as condições a que são submetidos os passageiros de ônibus metropolitanos nas capitais brasileiras. Percebe-se, assim, a falta de bem estar do passageiro, o qual tem dificuldades em se locomover com conforto.
         Há reivindicações em relação ao transporte, tais como superlotação, filas, atrasos, desconfortos e insegurança. Estes tópicos são citados pelos usuários diariamente, além como casos de abuso sexual[13] de mulheres cometido por homens, como mostra o vídeo da TV Goiânia/Band em reportagem ao jornal da Band no dia 27/11/2012.
         O policial Marcelo relata que uma passageira do transporte coletivo foi abusada sexualmente por um cidadão dentro do ônibus da HP, linha 019, próximo à Catedral Metropolitana de Goiânia. A mulher sentiu o homem próximo e encostou nela, expondo seu órgão genital. A mesma gritou ao motorista, que parou o ônibus imediatamente na altura da Catedral. Posteriormente, o homem que havia feito o abuso sexual foi entregue à policia, após ter sido agredido pelos usuários do ônibus. Logo depois da abordagem policial, o abusador foi levado a uma DP, juntamente com testemunhas que presenciaram o abuso sexual. 


3.2 As manifestações populares em relação ao transporte público.

         As manifestações ao longo da história em relação aos serviços oferecidos pelo Estado são constantes na história brasileira. Educação, saúde e transporte sempre são bandeiras defendidas por movimentos sociais, expressando o reflexo da desigualdade na nossa sociedade. O transporte tem se tornado um estopim das insatisfações das classes trabalhadoras.
         Ao percebermos como as manifestações se desencadearam, não somente em Goiânia, mas no Brasil, temos que entender como esses atos foram organizados.


3.3 As cidades em luta

Salvador (BA)

         Uma das manifestações de resistência contra o aumento da passagem de ônibus ocorreu em Salvador/BA no ano de 2003, a qual influenciou diversas outras manifestações espalhadas no Brasil, ficando conhecida como a Revolta do Buzu.
         Segundo o site[14] da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), órgão do Governo do Estado da Bahia, a capital baiana possui  alto índice de desemprego, chegando a 11,2% no ano de 2009. O aumento na tarifa não foi bem recebido. Originalmente, a tarifa era de R$ 1,30. A proposta dos empresários era de aumento para R$ 1,80.
Via-se a necessidade de impedir a locomoção de vias da cidade como em atos de protesto afim de mostrar o “Caos” urbano no transito da cidade diariamente, percebido que grande parte dos populares se encontrava desempregada a locomoção pela cidade era uma via a ser conquistada, sendo o aumento um empecilho para a locomoção em Salvador.
         O movimento da Revolta do Buzu se originou no aumento da tarifa descrito acima. Com a força de estudantes secundaristas da cidade e outros manifestantes, se originou a reivindicação pela queda da tarifa novamente e pelo pedido de que fosse apenas R$ 1,00. Contudo, a autonomia do movimento logo foi perdida com a entrada de militantes da juventude de partidos políticos
         O documentário “A Revolta do Buzu”, de Carlos Protanzato, sintetiza bem o movimento soteropolitano, pois é um importante documento histórico sobre Salvador (BA). O documentário apresenta que estudantes de Salvador tiveram o apoio da população da classe trabalhadora de Salvador. As manifestações foram entre o final de agosto e o começo de setembro de 2004 na medida que os estudantes sentiram o aumento de 20 centavos e impediram a circulação dos ônibus na cidade por vários dias, havendo confronto com a polícia no fim desses dias. Interessante perceber que a policia sempre quis estabelecer lideranças no movimento, a fim de ter pessoas que se responsabilizassem pelo movimento, o que foi aceito por alguns manifestantes com ligações partidárias. A negociação era feita por parte de alguns “líderes” do movimento com a prefeitura da cidade, o que foi recebido com indignação por parte de outros manifestantes, que queriam o movimento sem líderes e representantes e decidiram retornar as manifestações, que haviam parado, para que houvesse negociação com a prefeitura.       
         Segundo Vinicius (2005), a perda da autonomia do movimento, não somente em Salvador, mas em todo o Brasil com exceção de Florianópolis, ocasionou-se porque os manifestantes não se articularam efetivamente e deixaram espaços propícios para “líderes” e militantes de partidos políticos negociarem com o governo, sendo que essas negociações não atendiam aos anseios do movimento, como ocorreu em Salvador em 2003. Nota-se, então, a falta de articulação do movimento, deixando espaço de falas abertas no ato para militantes de partidos políticos imporem suas decisões e criando comissões para falarem diretamente com os governantes sem consentimento do coletivo. No recorte abaixo, retirado do Coletivo CMI[15] Caxias, intitulado “Aumento da tarifa de ônibus em Salvador”, é certificar-se desse fato:
[...] na quinta-feira (04/09), aumentou o repúdio dos estudantes aos partidos e entidades que fizeram um acordo com a prefeitura prometendo que as manifestações iriam acabar. As entidades aceitaram os poucos benefícios oferecidos e abriram mão da principal reivindicação, a redução na tarifa, contrariando a decisão coletiva. Essa comissão de negociação foi deposta, mas mesmo assim eles ainda vêm a público, por meio de TVs e jornais corporativos, reivindicar a autoria do início das manifestações. Declaram também que já acabaram os protestos e que têm o controle de 80 a 85 % dos estudantes. A mídia corporativa como sempre distorce os fatos, escolhendo apenas as entrevistas mais convenientes. A TV Bahia, o Correio da Bahia (ambos da família de ACM) e a Tribuna da Bahia tem se destacado pela parcialidade.
         De acordo com o documentário a “Revolta do Buzu”, houve a comprovação de que integrantes dos partidos políticos como PSTU e organizações da juventude desses partidos como a UJS (União da Juventude Socialista) e UBES (União Brasileira de Estudantes Secundaristas) foram à prefeitura. Dessa forma, as entidades de partidos estudantis conseguiram “furar o movimento” e negociar diretamente com a prefeitura. O que se conseguiu foram apenas meias convenções com o governo e não a revogação da tarifa de ônibus, mesmo o presidente, vice-presidente da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e integrantes da UJS (União da Juventude Socialista) tendo se tornado as lideranças do movimento a partir desse momento da negociação. Houve conflitos entre os estudantes e a juventude liderada por integrantes de partidos políticos marxistas. Ainda assim, segundo Marcelo Pomar (2013), O movimento se tratou de uma revolta popular pelo aumento de R$ 1,30 para R$ 1,50 e, na reta final da jornada de mobilizações, organizações tradicionais do movimento estudantil, que dirigem suas entidades de representação, tomaram a dianteira de um processo político que elas não iniciaram e não entediam em sua essência. Estas entidades tomaram o movimento de tal maneira que foram elas a sentar junto à prefeitura para negociar. Isto de deve ao fato de terem percebido que o levante serviu para lançar luzes sobre aspectos importantes daquele momento histórico, com a insuficiência política das direções estudantes tradicionais, afastadas das bases das lutas socais e em decorrência desta a necessidade de organizar o movimento social de maneira autônoma e independente.
         A indignação foi geral na periferia da cidade, sendo os estudantes secundaristas e autônomos, oriundos da classe trabalhadora, um dos grupos a organizar os primeiro protestos.
         Segundo o jornal do coletivo CMI, Brasil Caxias n-04[16], o dia em que os atos de manifestação se iniciaram, 29/08/2004, foi quando os empresários aumentaram a tarifa para R$ 1,50, com a esperança de desmotivar os estudantes. Foi um revés que, ao contrário do que se acreditava, fez os estudantes se revoltarem e ganharem apoio da população da cidade.
         No dia 01/09/2004, uma segunda-feira, os estudantes pararam a capital baiana, que resultou em uma grande repercussão nos jornais locais e chegaram aos noticiários de grande mídia nacional. Os políticos ficaram em situação difícil, sem saber o que fazer. Dessa forma, o prefeito de Salvador à época, João Henrique de Barradas, culpa o seu “Padrinho” político “ACM” (Antônio Carlos Magalhães) por n não ter tomado precauções e medidas enérgicas anteriormente.
         Veremos agora o dia a dia da manifestação, focando nas ações dos manifestantes.  O Coletivo CMI Brasil, que é da mídia independente,  revela:
Na segunda-feira (01/09), fecharam a estação da Lapa, a mais movimentada da cidade. Pela tarde, tentaram participar da reunião do Conselho Municipal dos Transportes, mas foram barrados. Foram então para a frente do maior shopping da cidade, congestionando toda a cidade. Três estudantes foram presos. Na terça-feira (02/09), as manifestações pararam o trânsito durante todo o dia. Na quarta-feira (03/09), uma comissão negociou acordo com a prefeitura, conseguindo fazer avançar algumas propostas, mas sem conseguir a redução da tarifa, principal reivindicação. Insatisfeitos, centenas de estudantes interditaram a Estação da Lapa até as 20:30h. Na quinta-feira à tarde (04/09), a polícia age com violência em alguns locais, e é feita uma assembléia dos estudantes. Na sexta-feira (05/09), os protestos continuam, parando apenas ônibus. (Coletivo CMI n-04)
         As ações não conseguiram manter a revogação da tarifa por muito tempo, logo retornou o aumento. Em Florianópolis (SC), a revogação aconteceu, mas em lá a revogação tinha outras questões além da conquista do movimento, que era a do prefeito ser considerado um herói em resolver bem a situação. A verdadeira conquista de Florianópolis, segundo Vinicius (2005), foi a difusão da ideia da municipalização do transporte público e, por conseguinte, a ideia de desmercantilização desse transporte. Já em Salvador, a conquista do ato histórico foi maior que qualquer outra coisa.
Como se nota, a cidade de Salvador se encontrava travada e com sérias dificuldades em locomoção urbana, por meio do transporte, esse “caos” urbano se reproduz pelo fato da concentração de capital e o oligopólio do transporte das empresas da cidade. Tão citada como Máfia do transporte público
         Mas além de Salvador, outras cidades do Brasil apresentaram manifestações, tais como São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, a própria Florianópolis e Goiânia.  

Florianópolis (SC)

         Esse desencadeamento advindo de Salvador (BA) em 2003 chegou a Florianópolis (SC) em 2004. Iniciou-se a guerra contra o aumento da tarifa, em que os manifestantes já haviam conseguido revogação do aumento da tarifa, que havia aumentado em 15,6%.
         Na capital catarinense ocorreram alguns fatos interessantes. O prefeito da cidade, Dário Béquer, era dono de uma das empresas de ônibus de linha intermunicipal. Isso acaba sendo tendencioso, pois mesmo que ele não sendo dono de empresa de transporte na região metropolitana, o prefeito era um empresário de ônibus e isso, por si só, já indicava algo para que os manifestantes olhassem com desconfiança suas ações.  Fato esse que representa o oligopólio de empresas de ônibus na cidade.
         Nesse mesmo ano de 2004, na verdade, não houve uma repressão policial contra os manifestantes. O atual governador Luiz Henrique da Silveira não teve o interesse de satisfazer o pedido da prefeitura, com frases como “No meu governo polícia não bate em manifestantes”. No ano seguinte, isso muda, pois com o passar do tempo, o que era uma luta pela tarifa, virou uma guerra, literalmente. Isto se deu pelos fortes confrontos entre a polícia e os manifestantes durante três semanas sem parar nas ruas de Florianópolis.
         Segundo Vinicius (2006). Contudo, o que se viu foram várias situações de confronto entre polícia e os manifestantes, com um histórico de prisões. O movimento se encontrava amedrontado.
         Para entendermos quem organizava os atos, vemos que o grupo que ajudava essas ações foi mesmo o MPL (SC), ou Movimento Passe Livre, que faz parte do MPL[17] (nacional), mas não tinha uma participação central no movimento. Esse movimento que, apesar de já reivindicar o passe livre no transporte público, viu a necessidade de organizar uma resistência para a revogação da tarifa que havia aumentado.
         O começo das movimentações foi no dia 27 de maio de 2005, quando saiu a notícia de que haveria aumento da tarifa de ônibus. Assim que foi noticiado pela prefeitura da cidade, o aumento foi estabelecido judicialmente. Essas as tarifas seriam mais caras em média 8,8%. Esse aumento seria para completar e recolocar a tarifa no valor que a prefeitura queria, devido à revogação do ano anterior. A tarifa específica para o sul da Ilha passaria a ser de R$ 3,00 reais, estabelecendo uma divisão regional na tarifa da cidade.
         No dia 06 de julho de 2005, houve o primeiro ato, que alguns chamam de Revolta da Catraca e outros de Guerra da Tarifa, sendo a grande vitória obtida na revogação do aumento em 21 de junho de 2005. Com o número grande de manifestações em terminais na grande Florianópolis, o chamado dito popular “o pau quebrou” foi efetivamente presenciado e vivido nos atos no decorrer de 2005.
         A repressão se dava com caráter violento. Os manifestantes eram estudantes e professores, sendo esses últimos os primeiros a serem ameaçados por policiais. No decorrer desses atos no ano, apareciam novos manifestantes, como a entrada de jovens suburbanos de áreas periféricas de Florianópolis.
         A forma com que as autoridades lidaram com o movimento foi com prisões e cassação a supostos “líderes” do MPL-SC, e assim encontraram e efetuaram as prisões. Essas prisões conseguiram desestabilizar o MPL- SC. Ainda havia a entrada e táticas de paralisação de avenidas pelos novos manifestantes que, mas o MPL-SC já não era o mesmo. Dessa forma, as manifestações iriam ocorrendo em um fluxo de tempo reduzido. O judiciário, no qual havia tramitado a decisão de aumento, colocou os administradores governantes como as principais fontes do aumento e eles agora não poderiam fazer nada sobre isso. O judiciário considerou que o poder executivo estava mais interessado em atender os empresários do transporte do que a população. Sendo assim, os usuários se encontravam nesse jogo de quem é o responsável.
         Mas as conquistas do MPL- Florianópolis e os demais manifestantes foram efetivadas. Abaixo, VINICIUS (2005 p.64) relaciona essa conquista:

Uma conquista inestimável das mobilizações de 2005 foi ter conseguido lançar publicamente e ter difundido a idéia de municipalização dos transportes, que é um grande passo para a desmercantilização desse serviço.

         Ainda ele, Vinicius (2005), aponta erros do movimento em Florianópolis. Muitas vezes, o processo do MPL Floripa nas manifestações pareceu que havia perdido o contato e o entendimento do modo de ser, agir e pensar da juventude. Militantes do PT conseguiram, com o passar do tempo, se articular melhor com a juventude do que o MPL- Floripa.
         Outro ponto de autocrítica e avaliação é a dependência que se notou em relação às “lideranças” que foram presas no primeiro dia. O restante do MPL demonstrou não estar preparado para assumir o lugar e ter respaldo dos estudantes nas concentrações e manifestações nas ruas.
         O outro ponto foi a falha na comunicação com os manifestantes sobre os passos que o MPL Floripa estava dando fora das ruas. Reuniões que eram feitas com autoridades, divulgadas ou não pela imprensa, causavam desconfiança a boa parte de manifestantes que estavam nas ruas.
         Embora os empresários admitissem que a tarifa estivesse cara, eles se referiam à gratuidade de muitos passageiros e ao imposto cobrado a suas empresas.

Ressurgimento em 2013

         O contexto social e político era palco de vários escândalos da corrupção nacional, como o Mensalão de 2005 e 2006 no Congresso Nacional, mas que ainda havia suas feridas abertas para a população.
         Ademais, a Copa do Mundo apresentava uma série de irregularidades nas construções dos estádios. Segundo o Jornal a Gazeta do Povo[18], o jornalista Andrew Jennings, autor do livro Jogo Sujo: O Mundo Secreto da Fifa, participou de uma audiência no Senado referente à Copa do Mundo. Ele disse que a presidenta Dilma deve investigar a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), pois falou no Senado sobre as denúncias de corrupção que envolvem os presidentes da Fifa, Joseph Blatter, e da CBF, Ricardo Teixeira.
         O conteúdo da apresentação será encaminhado ao Palácio do Planalto. “Se vocês querem o respeito do mundo, entreguem a organização da Copa a pessoas limpas”, disse ele, conceituado repórter investigativo da BBC de Londres há 30 anos.
         Jennings declarou que, se pudesse falar com Dilma, a aconselharia a conversar com Teixeira e pedir o relatório final de um processo encerrado pela Justiça da Suíça no qual ele, supostamente, teria admitido que recebeu propina em contratos de marketing esportivo. A ação também envolve Blatter e o ex-presidente da Fifa, João Havelange.
         De acordo com as apurações do jornalista, o caso comprova que Havelange teria recebido cerca de US$ 50 milhões em propina e Teixeira, US$ 9 milhões. Em uma negociação que levou ao arquivamento do caso, porém, os dois dirigentes teriam aceitado doar 2,5 milhões de francos suíços para instituições beneficentes e assinado uma confissão para que o assunto permanecesse em sigilo. O britânico estima que a Suprema Corte da Suíça vai divulgar o nome dos envolvidos em 12 meses. “Isso vai atingir diretamente o senhor Teixeira. Ou seja, um grande escândalo paira sobre a Copa”, afirmou. A solução, na avaliação de Jennings, é uma ação imediata dos poderes públicos brasileiros, a começar pela presidente Dilma. “Se continuar assim, a presidente vai precisar de um assistente atrás dela com uma bacia d’água para lavar as mãos todas as vezes que cumprimentar Blatter.”
         No vídeo da nova democracia intitulado “Cenas exclusivas da violência da PM no despejo da Aldeia Maracanã (RJ)[19]”, vemos como o Museu do Índio foi destruído e desocupado para a ampliação do estacionamento do Estádio Mario Filho (Maracanã). Isso foi feito com um violento uso de coesão policial contra os índios e seus apoiadores e manifestantes que lutam pela pauta dos indígenas. Spray de pimenta, bala de borracha e bomba de gás foram usados.  O museu era de 50 índios que foram retirados à força para atender ao novo projeto para a Copa do Mundo e as Olimpíadas do Rio de Janeiro. Em meio a esse período, a inflação se encontrava, segundo o IBGE[20] em 2013, em 5,91%, causando um desgaste do governo da presidenta Dilma Roussef, pois a aprovação de seu governo junto à população, que era de 63% em março de 2013, já apresentava uma baixa em relação ao que havia se iniciado no seu governo.
         Em Salvador, em 2013, o movimento ressurgiu fortemente e foi às ruas. Segue a descrição de um vídeo que sintetiza bem o ato e relaciona como os populares estavam calorosos e combatíveis no dia.
         Em uma reportagem no dia 20 de Julho de 2013, o repórter fala sobre onde o movimento chamado pelo MPL (BA) se reuniria, em Campo Grande, na cidade de Salvador, com mais de 50 mil pessoas confirmado presença no evento. Com gritos como “Da copa eu abro mão, eu quero mais investimento em saúde e educação”, é ressaltado que o movimento saiu das redes sociais e vai além dos 20 centavos, pois há pedidos por saúde e educação pública. A tentativa de ida à Fonte Nova (Estádio) foi oprimida pela a polícia da Bahia. Houve confronto entre os manifestantes e os PMs que, por meio de bomba de gás, usavam da força repreensiva contra os manifestantes mais combativos que atiravam pedras em direção à Polícia Militar de Salvador.
         Entendendo Salvador mais amplamente em 2013, se vê um cenário de ligação com as outras cidades brasileiras. Segundo o site g1.globo.com/bahia, no ano de 2013, Salvador, juntamente com outras principais cidades do Brasil, protagonizaram uma rede de manifestações pelo país. O movimento ganhou ainda mais força com a chegada da seleção brasileira à cidade. Cerca de 5 mil pessoas foram às ruas da cidade prestando solidariedade aos protestos de São Paulo e contra a organização da Copa do Mundo no Brasil. A cidade sediou um jogo da Copa das Confederações à época. Entretanto, a política dos parlamentares baianos foi de amedrontar os manifestantes estudantes, utilizando-se da repressão para desmotivá-los. Foi dito ao movimento que o mesmo acabaria em tragédia, com frases como “a polícia vai bater”. Era assim que o governo se remetia aos manifestantes. Essa rede de manifestações se dava pelo fato do MPL ser nacional e poder articular o movimento. 
         Em 2013, houve o retorno do MPL SC, que é onde o MPL primeiro se organizou e o ressurgimento das manifestações. Florianópolis participou da onda de manifestações ocorrida no ano de 2013. Representando essa ligação com as outras cidades brasileiras, temos que o MPL se encontrava já nas grandes cidades do Brasil. Sobre a atuação do movimento, Vinicius (2013, p. 6) diz que

[h]oje o MPL, conta com núcleos formados em cidades que se estendem de Porto Alegre à Rio Branco, passando por Florianópolis, Joinville, Blumenau, Criciúma, Curitiba, São Paulo, Campinas, Santos, Aracajú, Fortaleza-Maracanaú, Salvador, Distrito Federal e Goiânia. Além disso, Belo Horizonte, Vitória, Cuiabá e Recife são cidades onde existem movimentos de luta pelo passe-livre e pela de mercantilização do transporte, que atuam sob princípios bastante semelhantes aos do MPL e inclusive discutem aderir ao movimento nacional.

São Paulo

         Em São Paulo, em 2013[21], houve um aumento combinado entre a prefeitura e o Estado. Assim, a tarifa havia subido no ônibus e no metrô da capital paulista. O MPL-SP (Movimento Passe Livre São Paulo) já vinha em atuação havia oito anos, desde 2005, e se organizou compreendendo que o aumento da tarifa na cidade mais populosa do Brasil não haveria de ser aceito passivamente. Na necessidade de atuar contra as empresas, os militantes, em grande maioria estudantes, conseguiram dialogar com a classe trabalhadora, que se encontrava sem condições de pagar R$ 3,20 pelo serviço prestado, além da integração que já alcançava o valor de R$ 5,00. Na capital, o valor gasto no transporte público foi de 31% do salário mínimo do paulistano nos 24 dias úteis do mês.
         Em julho de 2013, o Movimento Passe Livre de SP deu início a uma jornada de lutas, não somente em São Paulo, mas em cidades como Porto Alegre, Natal, Teresina e Goiânia. Pelo fato da centralidade política, a jornada foi convocada nacionalmente pelo MPL-SP.

Segundo Lucas Monteiro de Oliveira e Nina Capelo, do MPL (SP), em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura (2013), entende-se que este aumento ocasionaria na exclusão urbana e que o transporte é público e a locomoção urbana é essencial para a vida na cidade. Ademais, ele equivale a outros serviços prestados pelo poder público, como água tratada, saneamento básico, saúde e educação. O MPL-SP tinha a intenção de apenas revogar o custo da tarifa original de R$ 3,00 mesmo a prerrogativa da organização sendo o passe livre para todos. É percebido que o passe livre é possível, já que os Estados Unidos têm trinta e duas cidades em que não existe tarifa de ônibus, além de duas cidades brasileiras como Porto Real (RJ) e Agudo (SP). Outra questão é que há mais investimento[22] público no transporte particular do que no transporte público na cidade de São Paulo.
         Conscientes de que havia a necessidade de modificar a maneira de se manifestarem, os protestos foram diferentes de outros de organização tradicional e colocaram em pratica a tática black block. Contrapondo-se a isso, os representantes do estado e da prefeitura de São Paulo não buscavam resolução para o impasse e argumentavam, criando ainda mais revolta. Vemos que SAKAMOTO (2013) diz que

Alckmin e Haddad, que demoraram demais para tomar a decisão de revogar e frear o caldo que entornava, ajudaram a agravar a situação de descontentamento com a classe política. “que se vão todos” pesam alguns desses jovens. “não precisamos de partidos para resolver nosso problemas” dizem outros, que não conhecem a história recente do Brasil. “Políticos são um câncer”, exclamam, colocando todo mundo no mesmo balaio de gatos. (SAKAMOTO, 2013, p.98)

         Utilizando-se das redes sociais, o movimento conseguiu se comunicar e articular, organizando-se em um espaço de tempo pequeno se comparado aos espaços de tempo de lutas históricas. Entrava, então, a internet como facilitador do movimento social. Entretanto, contrastando com essa nova forma de comunicação dos ativistas, se originou um ódio às emissoras burguesas, já que as mesmas apareciam para cobrir os atos dos manifestantes, mas não conseguiam sua matéria de forma esperada, já que era expulsa aos gritos de “mídia fascista”. A origem disso é de como a grande mídia utiliza as manifestações para conduzir a opinião pública, fazendo um jogo de interesse com o governo, sendo que elas mesmas necessitam de sua concessão para permanecerem em funcionamento e também possuem recursos advindos do governo.
         Ortellado (2013, p. 39) coloca como a mídia tratou pejorativamente o movimento ao afirmar que
[..] os meios de comunicação de massa reforçam o disc26 que será votada no dia r que lutar em um contra o vandalismo das primeiras coberturas. Além disso, criticam os métodos do movimento de bloquear a vias da cidade, responsabilizado as manifestações pelos altos índices de congestionamento.

     Logo após, o comentarista Arnaldo Jabor[23] faz uma declaração no jornal da Globo:
Afinal, o que provoca um ódio tão violento contra a cidade? Só vimos isso quando a organização criminosa de São Paulo queimou dezenas de ônibus! Não pode ser por causa de 20 centavos. A grande maioria dos manifestantes são filhos de classe média, isso é visível: ali não havia pobres que precisassem daqueles vinténs não. Os mais pobres ali eram os policias apedrejados, ameaçados com coquetéis molotov, que ganham muito mal. No fundo, tudo é uma imensa ignorância política. É burrice, misturada a um rancor sem rumo. Há, talvez a influência da luta na Turquia, justa e importante, contra o islamismo fanático, mas aqui se vingam de quem ? Justamente, a causa deve ser a ausência de causa. Isso ninguém sabe, mas por que lutar? Em um país paralisado por uma disputa eleitoral para daqui um ano e meio. O governo diz que tá tudo bem, apesar dos graves perigos do horizonte, como inflação, fuga de capitais, juros e dólar em alt. Por que não lutam contra o projeto de emenda constitucional 37, a PEC 37, por exemplo, que será votada no dia 26 no congresso para impedir o Ministério Público de investigar? Talvez nem saibam o que é a PEC 37, a lei da impunidade eterna. Esses caras vivem no passado de uma ilusão, eles são caricatura violenta da caricatura de um socialismo dos anos 50 que a velha esquerda ainda defende aqui. Realmente, esses revoltosos de classe média não valem nem 20 centavos!
         Em reposta a esse comentário, os Anonymous, que são uma rede de hacktivismo da internet, sem líderes e sem rosto, divulgaram logo depois no seu canal no YouTube um vídeo. Os participantes desta rede se utilizam do hackeamento para derrubar sites do governo e de grandes empresas capitalistas, além de roubarem informações desses sites.
         O narrador[24] do vídeo apresenta uma síntese do que Jabor havia dito e faz uma conta matemática referente aos 20 centavos a mais na tarifa, colocando uma conta de ida e volta para o local de trabalho dos paulistanos de 40 centavos a mais por dia. Ele explica que a semana possui seis dias de trabalho para cumprir as 44 horas da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho). Esta soma alcança o valor de R$ 2,40 reais por semana, ou um valor mensal que chega a quase R$ 10 a mais no bolso do trabalhador paulistano. Este valor faz falta para quem ganha menos de 700 reais por mês para sustentar a família, mas que não é a renda do comentarista na Rede Globo.
         A rede Globo, e outras emissoras de televisão, foram bastante hostilizadas, não somente por conta desse comentário de Jabor, mas também porque isso simboliza a opinião pública que estava sendo formada através da TV nessa trajetória.
         Neste mesmo contexto, com a necessidade de divulgação dos ocorridos nas manifestações, abriu-se espaço para a mídia independente, as quais apresentavam o conteúdo real das manifestações, sem cortes ou edição, diferentemente do que era  apresentado nas grandes mídias de jornal e impresso da TV da classe burguesa.



                 3.4 MPL, avanços, limites e possibilidades

         Segundo Rolik (2013), existem alguns fatores que dificultam o Movimento Passe Livre no Brasil. Os fatores são pela tradição de não se organizar livremente, devido a ligações e tentativas de compilação partidárias. Essa ligação, de fato, sempre atrapalhou as pessoas de se manifestavam ativamente e confiavam no movimento, tendo sempre ligações políticas quando se iniciavam no movimento, como os casos de movimentos que possuem ligação política, como a UJS, UNE CUT, entre outras. O MPL se organizou por meios apartidários, apesar de não ser conter pessoas partícipes de partidos políticos no movimento. Vinicius (2013) se argumenta como o MPL tem se defendido ao dizer que

[...] O MPL vem sofrendo. Não fossem seus princípios de apartidarismo, horizontalidade, autonomia e independência, o MPL não teia a aceitação e a legitimidade que conquistou para atuar. Além disso, não ocuparia esse vácuo político gerado pela falta de autonomia e poder de decisão, frutos da política partidária e das entidades estudantis autoritárias, que impõem suas decisões de cima para baixo às suas bases. (VINICIUS, 2013, p.7)

Contrapondo a isso, a origem do MPL é bastante específica. POMAR (2013) revela que

[o] MPL não veio do nada. O MPL é um movimento de esquerda que ao longo da sua existência relacionou-se com seus pares, com o Movimento Sem Terra e os movimentos urbano de moradia. Encontrou apoio em intelectuais e em certa blogosfera progressiva, da qual a principal referencia é o tarifa zero.

É perceptível que a grande empresa dos meios de comunicação como: Rádio, TV aberta e Jornais e grande circulação, não se orienta a certificar os fatos como realmente eles se apresentam nos grupos como o MPL, sendo que a falta de compromisso com a verdade ocorrida nos atos são jogadas nos meios de comunicação visando criar noticias chamativas a criar o ciclo sensacionalista em busca de pontos de audiência no IBOPE da televisão Brasileira, fomentando assim um investimento de empresas em suas emissoras com propósitos comerciais.
 A solução para os movimentos e grupos que realmente precisam ser entendidos pelos trabalhadores é a mídia independente, criada e executada por pessoas que estão dentro do movimento de luta que não editam que não mentem e que não induzem a opinião do telespectador ouvinte ou leitor.

Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro de 2013, as manifestações tiveram um caráter mais violento. A ação contou com a utilização da prática dos black blocks, que se tratava de ações diretas. Contudo, para entender o Rio de Janeiro, devemos entender o black blocks, que foi bastante presente na cidade, apesar de não ser a única cidade do Brasil a apresentar essa tática de manifestação urbana.
 Segundo Ludd (2003), O bloco negro é uma tática de manifestação urbana. Essa tática tem como prerrogativa a defesa dos manifestantes que estão sujeitos ao enfrentamento com os policiais, em primeiro momento. Posteriormente, entende-se que a defesa da classe trabalhadora deve ser feita com ataques a símbolos capitalistas. Os ataques são respostas ao capital que, que tem seus interesses mantidos em detrimento dos trabalhadores. Entende-se que a violência diária, tanto na esfera econômica quanto na política, cultura e social são os grandes motivadores dessa reação contra o capitalismo, sendo que os blocks entenderam o anarquismo e partiram dele para a luta na manifestação. Obviamente, nem todos se dizem anarquistas, mas o momento da organização e ação são momentos em que o anarquismo se apresenta. E sim, essas pessoas estão praticando o anarquismo, mesmo dizendo que não são adeptos dessa essa ideologia.
         Entende-se que o movimento da tarifa de ônibus foi um levante interessante para lutar contra os empecilhos da classe trabalhadora, e que é de necessidade  comum usufruir da cidade para se constituir uma sociedade mais participativa e igualitária. Essa tática colocou o Rio de Janeiro em um cenário de disputas, no qual foi percebeu-se como o confronto de classes sociais é visivelmente claro na sociedade moderna.
         O Rio de Janeiro chegou a um alto nível de insatisfação, até mesmo em relação ao seu governo estadual. O governador Sergio Cabral foi rechaçado em vários momentos dessas manifestações, criando assim um movimento específico chamado “Fora Cabral”.
         O Rio de Janeiro também possui sua luta na guerra da tarifa, mas sem dúvidas os manifestantes já estavam mais “politizados”, criando aldeias de ocupação, como o “Ocupa Câmara” e o “Aldeia Maracanã”, que ocuparam locais que teriam sido desocupados, como o Museu do Índio, que havia sido desmontado para a construção de um empreendimento visando à Copa do Mundo de 2014. Todo esse complexo chegou até os jogos de 2014.




Fortaleza

         Fortaleza, no ano de 2013[25], foi uma das primeiras cidades a ter reação popular contra o aumento da tarifa. Apresentando-se como um movimento autônomo e apartidário, teve sua luta iniciada no aumento da tarifa, mas outros elementos e acontecimentos na cidade ganharam importância para os manifestantes. O preço original era de R$ 2,00 a interia e meia de 1,00 R$ e o aumento iria para R$ 2,20 em fevereiro de 2013 com a meia de 1.10 R$. Esse aumento ganhou um valor simbólico na Fortaleza dos segregados, onde se percebeu o alto gasto com eventos esportivos na cidade.
         Segundo o documentário com vandalismo[26] de 2013, a seleção brasileira de futebol iria se apresentar na cidade pela Copa das Confederações da FIFA. Com isso, se constitui uma guerra campal aos arredores da Arena Castelão no dia do jogo da seleção, havendo grande número de feridos por parte dos manifestantes. O movimento conseguiu revogar o aumento para R$ 2,20, mas aumentos nos anos posteriores.

3.5 Goiânia e as lutas pelo transporte

Em Goiânia, como em diversas capitais do Brasil, houve as manifestações contra o aumento da tarifa. Uma organização a ser destacada nesse período, a Frente de Luta, que em sua grande maioria se compunha por estudantes da UFG, (Universidade Federal de Goiás), juntamente com outros estudantes e populares, tiveram uma organização pautada em a) autonomia política, organizativa e econômica, que assegurou suas próprias maneiras de se gerir e autogerir suas ações; b) apartidarismo, ligada à noção anterior de autonomia.
A tarifa saia de 2,70 para 3,00 reais.
          Em entrevista com 3 pessoas que fazem confirmações sobre os atos e relatam sobre sua militância na cidade de Goiânia e, principalmente, atuaram na Frente de Luta GO, obtive as respostas sobre essa organização específica.
          O entrevistado de número 1 se refere ao movimento como uma organização horizontal e comentou sobre sua organização e relata que
[o] movimento se encontrava com mesa a frente, onde se coordenava as falas e os votos. O tempo era dividido e as falas. Havia o encaminhamento das propostas dos companheiros pra a mesa e se havia o direito a um voto por pessoa (quando havia necessidade). As deliberações eram em conjunto entre todas as pessoas, tendo o conhecimento de todos. Apresentação das propostas, e explicação do por que do trajeto, por exemplo, era uma situação corriqueira na organização. Existia a formação de comissões de protesto: dividido em comissões: 1) Comissão para dinheiro do carro de som, onde o membro da comissão buscava arrecadar dinheiro para o pagamento do carro. 2) Comissão para falar com a empresa. Os membros ficavam destinados a falar com reportes e pessoas das mídias independentes. 3) Comissão para de auto defesa. que se ligava a ação direta. Essa comissão destinava para preparar matérias a serem utilizados nas manifestações, como: Faixas, pneus, tinta e etc. A comissão se encontrava em um estado rotativo, onde o mesmo que participara de uma comissão em um momento, em outro momento participara de outra.

            O entrevistado de número 2 conclui que
O movimento da Frente de luta GO, não tinha definição ideológica, não tendo algo  mais do que a tarifa. A luta se dava pela as ações dos autonomistas. Discussão de pauta, com comissões de divulgação de empresa, arrecadação de dinheiro, carro de som.Era anti governo, bem abstrato. Sendo os participantes de partidos políticos. A ação contou também com a participação de secundaristas, estudantes do ensino médio da cidade, viram a necessidade de está lutando contra o aumento que se considerava absurdo para o padrão de vida dos estudantes filhos de famílias da classe trabalhadora.

             A descrição de que não havia caráter ideológico de linha política é verídica, como responde o entrevistado de número dois, mas havia assimilação de ideologias políticas, como no caso do anarquismo, em que os integrantes da Frente de luta se auto organizavam como no anarquismo mutualista e auto-gestionário.  
             Segundo Fonseca (2013), houve alguns fatos que propiciaram o crescimento do movimento em Goiânia organizado pela Frente de Luta GO. Um deles foi a paralisação dos motoristas. Esse fato foi dia 1º de maio, e uma greve de motoristas de ônibus do transporte coletivo metropolitano foi decretada. Os motoristas se organizaram em torno de suas necessidades, deixando de lado a sindicato da categoria.
             A Frente de luta GO, com esse estímulo, organizou seu ato para o dia 8 de maio, quando saiu da Praça Cívica no centro da cidade. Assim, Fonseca (2013, p. 9) descreve o momento.
Nesse primeiro ato, surpreendendo as autoridades policiais pela quantidade de estudantes que ali estavam às formas simbólicas de manifestação deram a tônica do movimento. Queima de pneus, bloqueio do maior cruzamento da cidade por mais de 3 horas e a presença de uma representante da CMTC deram os passos iniciais de um movimento que perduraria por alguns meses.

              As datas dos atos, segundo Fonseca (2013), deram-se na sequência a seguir: o primeiro ocorreu no dia 8 de maio, quando o movimento saiu da Praça Cívica (localizado no centro da capital) e seguiu para o cruzamento mais movimentado da cidade, a Praça do Bandeirante. Nesse primeiro ato, surpreendendo as autoridades policiais pela quantidade de estudantes que ali estavam, as formas simbólicas de manifestação deram a tônica do movimento. Queima de pneus, bloqueio do maior cruzamento da cidade por mais de 3 horas e a presença de uma representante da CMTC deram os passos iniciais de um movimento que perduraria por alguns meses.
A data foi confirmada pelo entrevistado número 1 e foi dito que eles saíram da Praça Cívica, até a Praça do Bandeirante, que é o ponto central da cidade. Nesse ato, foi preso um Punk que estava protestando juntamente com os estudantes, havendo bandeiras e símbolos anarquistas que, juntamente com a ação direta, foi a tônica do movimento realmente.
              Segundo Fonseca (2013), o segundo ato ocorreu na Praça A e, por assim dizer, pode ser considerado como o marco divisor da radicalidade das futuras ações. Após horas de bloqueio da região do bairro de Campinas, a tropa de choque da Polícia Militar reprimiu violentamente os manifestantes e até mesmo indivíduos que nem sequer protestavam. A dureza e inescrupulência da ação repressiva dos aparatos militares do Estado deram seus primeiros atos de violência e no quarto ato viriam a retomar, com mais potencialidade, apesar da diminuição dos conflitos.
              O entrevistado número 2 disse que o ato ocorreu na Praça A no bairro de Campinas, onde houve forte violência por parte dos policiais. Em sua entrevista, ele diz “Nunca apanhei tanto na minha vida”. Esse ato de número 2 foi registrado como  violência simbólica, quando um manifestante pediu a faixa do grupo a um policial que havia apreendido a mesma e foi soqueado no rosto pelo oficial as PM. A partir daí, os manifestantes tiveram mais clareza do que seria mesmo a coesão do Estado.
              O entrevistado sintetizou a violência policial, com mostra de resistência por parte dos manifestantes que haviam de pegar pedra e objetos de fácil arremesso para jogar em direção aos policiais que estavam dentro do terminal da Praça A.
             Segundo Fonseca (2013), apesar da diminuição dos conflitos, o terceiro ato foi marcado por uma continuidade dos conflitos entre policiais e manifestantes. Com o intuito de barrar a reunião dos representantes dos órgãos responsáveis pela deliberação do aumento (CDTC, CMTC, Prefeitura de Goiânia e demais prefeituras da região metropolitana e Governo do Estado), o ato se organizou na Praça Universitária e saiu em direção à frente do Palácio Pedro Ludovico Teixeira onde aconteceu a referida reunião. Mesmo com a manifestação e pelos apelos do não aumento, fora deliberado o aumento de 30 centavos no preço da tarifa. Menos de 12 horas após a decisão, começou-se a cobrar em Goiânia e na região metropolitana o novo preço, estipulado em R$ 3,00. Com esse abusivo aumento, a radicalidade tomou conta no ato do dia 28 de maio.
             Percorrendo a Avenida Universitária com destino à Praça da Bíblia, o quarto ato engrossou o coro pelo cancelamento do aumento da semana anterior. Porém, a truculência policial marcou e deu as diretrizes para a manifestação. Com bombas de gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral, balas de borracha e houve até mesmo uso de armas de fogo letais. Cerca de duas dezenas de manifestantes foram presos e, dentre eles, alguns menores. Como maneira simbólica, ônibus foram incendiados, provando, assim, a insatisfação generalizada com o sistema de transporte e consultivamente, com toda a truculência do Estado.
              O entrevistado de número 1 confirma o ato e faz uma descrição e fala  sobre o conflito no ato e conta sua apreensão.
O local onde a manifestação iniciou foi o canteiro de frente a Praça da Bíblia. O Confronto no inicio da praça, ocasionou em quebra quebra do eixo e a cavalaria atrás dos manifestantes, foi características desse ato. No ato da prisão se iniciou com a presença de um (P2)[27] que consegui acompanhar os manifestantes e quando a cavalaria chegou até o local onde os manifestantes estavam escondidos  se foi entregue pelo policial disfarçado.

              Houve também, segundo o entrevistado, a colocação de uma grande porção de maconha na mochila dele. Portanto, ele foi acusado de portar a droga.  O resultado foi quinze pessoas presas, sendo seis menores de idade, tendo os manifestantes sido aprisionados  com corda e levados à Praça da Bíblia para os Policiais Militares, sendo posteriormente levados ao 1º DP (Departamento de Polícia), perto do Parque Mutirama e encaminhado à DEPAE (Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais)”
              É possível ver a repressão da polícia no momento do ato, em que não houve um diálogo antecipado com os manifestantes do movimento e sim uma repressão para defender o Estado e as empresas de ônibus. Nota-se a necessidade do Estado em criminalizar e colocar em meio à opinião publica os lutadores por melhorias no transporte público. Dessa forma, as maneiras de coesão como o caso do P2 se utilizam de qualquer subterfúgio para defender seu Estado capitalista e não possibilita qualquer tipo de expressão adversa à do próprio Estado capitalista, nesse caso representado pelo Estado de Goiás, uma unidade da união brasileira.
              É necessário entender que esse movimento está apenas em resistência à coesão e do “vandalismo” do Governo e das empresas de ônibus que são da classe do Estado capitalista.
              No quinto ato, ocorrido no dia 6 de junho, os resquícios do medo e da possibilidade de outro confronto violento com as formas militares estiveram presentes. Saindo do Teatro Goiânia, localizado em uma região de grande fluxo de trânsito, percorrendo ruas até o SETRANSP e de lá, para a CMTC, o quinto ato deixou clara a combatividade do movimento, mais uma vez, nas ruas da cidade. Durante o ato, uma exposição lúdica de um esquete deu, outra vez, a cara do movimento ao satirizar a ação do choque frente aos estudantes e trabalhadores. Com o objetivo de protestar contra as empresas que detêm o oligopólio do transporte, a Frente foi seguida pela Polícia Militar pelo centro da capital até as dependências do Instituto Federal de Goiás. Lá, após assembleia geral, os manifestantes foram se dispersando e despistando a PM, salvaguardando a proteção de seus manifestantes.
               O esperado dia 20 de junho colocou uma multidão nas ruas. Este foi o sexto ato coordenado pela Frente de Luta na cidade de Goiânia. Porém, como se tratava de um ato unificado nacionalmente, uma quantidade nunca antes vista de pessoas marcou presença nas ruas centrais de Goiânia. Com a vastidão de pessoas que foram às ruas, veio a vastidão de bandeiras, deixando em planos inferiores a questão do transporte e do aumento da tarifa, que havia sido revogado anteriormente. O sexto ato continha uma tonalidade pacifista. Os entrevistados se referem a esse ato como um chamado da Frente de luta, mas no qual já havia outras pessoas que não estavam com o propósito de lutar pela tarifa de ônibus. Estava presente uma grande massa de pessoas que não eram politizadas o bastante para estarem ali por razões políticas. Assim, os entrevistados apontam razões como: 1) Moda do Facebook, que ditava que o momento era de se indignar com algo; 2) Surgimento da onda chamada selfie, na qual alguém tira uma foto de si mesmo; 3) Grande aglomeração de pessoas, pois a grande maioria foi aos aos atos do dia 20 para socializar, namorar, e beber; 4) Status de aparecer no Fantástico da Globo à noite.
                 Segundo Fonseca (2013), Uma semana após o ato que reuniu cerca de 70 mil pessoas, ocorreu o sétimo ato, saindo da Praça Universitária, rumo ao Ministério Público. Com uma tonalidade específica e classista (contra a criminalização dos movimentos sociais), essa manifestação percorreu as ruas do Setor Leste Universitário com um número reduzido de pessoas (comparando com as outras ações) e conseguiu, após horas de pressão, uma reunião com representantes do Ministério Público exigindo a não criminalização dos movimentos sociais e dos indivíduos que foram presos nas manifestações anteriores.


A auto-organização

                   A Frente contou no seu bojo com uma série de princípios, dentre os quais podemos destacar: a) autonomia política, organizativa e econômica, que assegurou suas próprias maneiras de gerir e autogerir suas ações; b) apartidarismo, que ligada à noção anterior de autonomia complementou e deixou claro que suas teses devem vir diretamente das ações práticas e cotidianas, não deixando entrever interesses burocráticos de partidos em si; c) combatividade, atos de violência com sentido revolucionário como ataques tanto teóricos, quanto práticos ao Estado; d) autogestão interna, ou seja, a autorrepresentatividade, decisão coletiva, autoorganizações nas unidades de luta sob a forma da igualdade abolindo a divisão social do trabalho entre dirigentes e dirigidos; e) livre associação dos indivíduos que têm a liberdade de se desligar do coletivo assim que quiserem, entendendo que suas ações estão ligadas às responsabilidades coletivas; f) ação direta baseada no princípio pautado na horizontalidade e fim da intermediação de meios que não são combativos e autônomos; g) horizontalidade interna entre os membros, não cabendo superioridade entre nenhum de seus componentes; h) decisões coletivas baseadas em assembleias gerais como ato supremo de suas decisões, respeitando o direito de fala das posições minoritárias, i) revogabilidade e temporalidade a qualquer momento das comissões; j) solidariedade entre membros.

Os entrevistados falam sobre à auto-organização

                    O entrevistado de número um se refere ao movimento como uma organização horizontal e comentou sobre sua organização. “O movimento se encontrava com mesa à frente, onde se coordenavam as falas e os votos. O tempo era dividido e as falas também, se encaminhavam propostas dos manifestantes à mesa e havia o direito a um voto por pessoa. As deliberações eram feitas em conjunto entre todas as pessoas, com o conhecimento de todos. A apresentação das propostas, e explicação do por que do trajeto, por exemplo. Era uma situação corriqueira na organização. Existia a formação de comissões: para o dinheiro do carro de som em que o membro da comissão buscava arrecadar dinheiro para o pagamento do carro, comissão para falar com a empresa em que os membros ficavam destinados a falar com repórteres e pessoas das mídias independentes, comissão para autodefesa que se ligava à ação direta, destinada a preparar materiais a serem utilizados nas manifestações. Como: faixas, pneus, tinta, etc.”.
                    As comissões se encontravam em um estado rotativo, haja vista o mesmo integrante que participara de uma comissão em um momento, em outro momento participara de outra.
O entrevistado de número dois conclui que o Movimento da frente não tinha definição ideológica, não tendo algo o mais do que a luta da tarifa e a luta se dava pelas ações dos autonomistas[28] tendo discussão de pauta e com comissões de divulgação de empresa, arrecadação de dinheiro, carro de som ele fala que “Era anti-governo bem abstrato, sendo que havia participantes de partidos políticos, então nada real mesmo no aspecto de anti-governo”.












CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo pesquisar a luta pela a tarifa de ônibus em Goiânia (GO) no período de 2013, Pesquisando características desse movimento como atuação em ações diretas e a auto-organização dos grupos, narrou a verdadeira causa desse movimento social.
A conclusão da cidade segregada.
Em uma reflexão de notasse a perversidade da classe burguesa que por meio do Estado, através de políticas públicas e divisão do solo da cidade e mesmo o seu capitalismo econômico, tendem em segregar os trabalhadores em espaços na cidade cada vez mais longe do núcleo central, ou mesmo no centro da cidade não possibilitam o uso dos trabalhadores. Por tanto a luta pela tarifa zero é fundamental a dar o direito minimamente à cidade a todo.


Nesse primeiro momento de conclusão me remeterei a apresentar como está o cenário de lutas nas cidades brasileiras.
Essa explicitação é sunsita e faz com que você leitor saiba como está à situação nas cidades de luta.






Salvador.

Em Salvador onde se teve uma série de manifestações que se estenderam pelo mês de agosto no ano de 2003, Essa revolta contou com várias pessoas, mas o número estimado é impossível de ser preciso, houve pessoas de vários espaços da cidade, como Universitários, secundaristas, moradores de bairros.

A tarifa agora de 1.50 trouxe a lição de que os movimentos sociais de agora em diante deve-se buscar aprimorar a sua organização
Depois de 13 anos. Salvador[29] vive um estado de reajuste da passagem, no mês de julho de 2015 houve o reajuste de 8,92% Alguns valores se apresentam com valor elevado vamos a eles: além do padrão de 1,50 R$ na capital existem valores para cada empresa que circula na região metropolitana e são distintos. A linha Lauro de Freitas/Terminal da França pela empresa Rio Verde passou de R$ 2,80 para R$ 3,00; já o trajeto Simões Filho/Terminal da França que antes custava R$ 2,80 pelo Expresso Metropolitano, agora custa R$ 3,10. A Expressa Linha Verde, que faz a linha Salvador/Praia do Forte passou de R$ 6,65 para R$ 7,30; e, Camaçari/Estação da Lapa pela Viação Regional passou de R$ 4,50 para 5,00.
O movimento se encontra amorfa, devido à forte repressão psicológica e física do governo baiano e a capitação dos partidos políticos, mas propicio a um levante do movimento pelo fato dos autonomistas[30] permanecerem nessa condição. 





Florianópolis

Atualmente em 2015. Florianópolis[31] e região se houve uma pressão pela queda da tarifa. A tarifa atualmente é de 2,70. As empresas alegam que não veem condições de corte nos preços, sendo assim o valor da tarifa tende a permanece nesse valor e não deverá modificar por tão cedo. Com isso o MPL Florianópolis se encontra em um possível levantamento para novas manifestações na cidade.
Por tanto o movimento do MPL em Florianópolis foi fundamental, mas a tarifa conseguiu ser revogada só por algum momento. Não sendo conseguido o objetivo principal de manutenção da tarifa de ônibus

São Paulo

O movimento de São Paulo se encontra a procura de outro estopim, mas os manifestantes estão em luta contra questões ligadas a Educação pública no momento.
É necessário entender ate quando é benéfico à participação de pessoas partidárias no movimento, mesmo não introduzindo o partidarismo.
O movimento hoje não se encontra com a mesma atividade anterior. Mesmo com o aumento nesse ano de 2015, por exemplo, o metrô[32] que subiu de 3,50 e a chamada integração de 4,75 para 5,45 no inicio do ano, não foi um estopim para novas manifestações de rua.
Já o MPL[33] SP (Movimento Passe Livre) Sempre teve em luta desde sua fundação em 2006, se encontrando com diversos atos de rua na procura incessante pelo passe livre a todos, mas agora o movimento não restringe ao centro da cidade, as chamadas “zonas” de cada lado da cidade possuem seus atos reivindicatórios na tarifa de transporte.


Rio de Janeiro hoje

Hoje o movimento do Rio de Janeiro, se encontra na justiça, houve no mês de junho de 2015 a derrubada do aumento da tarifa de ônibus em primeira estância, referente ao aumento do ano de 2014 que era de 3,00 para 3,40
A ação popular foi feita por um advogado, criando os réus no processo jurídico.

Fortaleza

Hoje em Fortaleza a administração municipal tem buscado organizar a mobilidade da cidade. Estão organizando terminais na cidade novos corredores de ônibus e etc.

Outras cidades.
Para que concluímos o cenário em 2013 além das principais cidades que estiveram na luta com manifestações. Veremos valores, reajustes, beneficio no transporte e a frota utilizada em outras cidades brasileiras.
Nem todas as cidades tiveram luta tão ativa como outras que merecem destaque, mas também possui sua importância nessa onda nacional de manifestações pelo Brasil.
Veremos em cidades de menor porte populacional do Brasil a seguir  Segundo o Censo 2010 do IBGE[34] (Instituto Brasileira de Geografia e Estática) como:
 Acaraju (571.149)
 Campo Grande (786.797 hab.)
João Pessoa, (723.515)
 Manaus (1.802.014)

O aumento da tarifa de ônibus expressivo foi como em outras cidades. Entretanto a pergunta que se estabelece é o que dificultou essas cidades a não terem atos tão ativamente quanto às maiores cidades do Brasil? Essa abordagem complexa necessita de um estudo aprofundado que não poderemos analisar nesse momento, mas que possui uma relevância para entender essa onda de manifestações.
Mesmo assim os seguintes dados demonstram essas demais cidades brasileiras que tiveram o valor da tarifa reajustado e o que ainda havia de benfeitoria para o usuário como Integração e desconto e por fim a frota de ônibus que é necessária com quantitativo ideal para atender a demanda populacional da cidade, mesmo não sendo toda a população da cidade usuária de ônibus.
Aracaju[35] (SE) possuiu manifestações e tiveram a proporção do seu contingente populacional nas mesmas.
 Campo Grande[36] (MS) presenciou manifestações já em 2014.
Em Manaus[37] existem grupos que protestam contra o aumento da tarifa, suas ações têm sido intensificadas em 2015.
Com um número de habitantes menor comparado a outras cidades brasileiras, aparece com pequenas manifestações e pouco articuladas, mas necessários. Na tabela a seguir temos os dados dessas capitais.
TARIFAS BÁSICAS DE ÔNIBUS MUNICIPAIS PELO PAÍS EM 2013
Capital
Tarifa
Atual
Tarifa
Anterior
Último reajuste
Próximo reajuste
Existe integração ou desconto?
Frota atual
Aracaju
R$ 2,45
R$ 2,25
7 de maio de 2013
Em 2014, sem definição de data e mês.
O valor da tarifa permite que o passageiro utilize um sistema integrado de ônibus, desde que ele troque de destino dentro dos terminais.
530
Campo Grande
R$ 2,85
R$ 2,70
1° de março de 2012
Outubro de 2013
Usuário pode utilizar mais de uma linha de ônibus sem pagar nova passagem no período de uma hora
577
João Pessoa
R$ 2,30
R$ 2,20
2 de janeiro de 2013
Revisão anual ocorre em janeiro
Permite usar mais de um ônibus no período de 30 minutos com restrições de linha
458
Manaus
R$ 3 (voltou a R$ 2,90 em 10 de junho)
R$ 2,75
30 de março de 2013
Sem previsão
Não
1.701
 João


Fonte: G1Brasil disponível em http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/06/veja-capitais-que-tiveram-aumento-nas-tarifas-de-onibus-em-2013.html13/06/2013 19h17 - Atualizado em 13/06/2013 19h4


A cidade de Aracaju (SE) possuiu aumento dentro de um ano de 20 centavos. A mesma coloca o usuário a necessidade de troca de ônibus feita para poder beneficiar da integração. O tamanho da frota é relativamente pequeno pela população
Campo Grande (MT)  Se encontra com um valor menor de reajuste, mas se comparada a Aracaju (SE) na frota e na população. Sua frota é pequena pela a população que possui. Com cerca de 200 mil habitantes a mais.
João Pessoa (PB) apresenta a questão da integração limitada Sendo que permite usar mais de um ônibus no período de 30 minutos com restrições. Em outras cidades já não se restringe tempo e nem mesmo possui exceções, sendo necessária a liberdade de tempo devida à demanda de serviços feita em áreas da cidade como o centro da cidade que demanda um tempo maior para efetuação dessas tarefas diárias de populares. Como (bancos, supermercados, lojas, laser, prestações de serviço e etc.)
Manaus (AM) apresenta em 2013 um aumento alto na tarifa e não possui integração, fato estes que prepuseram à população a rua.

Essas cidades lutaram por esses motivos nesse cenário de 2013

Brasil
O contexto histórico dessas lutas no Brasil foi do mês de meio e de julho esses meses apresentaram uma grande revindicações nas ruas da cidade brasileiras. Esse elemento do transporte público só evidenciou a precarização da vida dos brasileiros dentro de suas cidades, nada melhor que o transporte que é um meio de locomoção diário para ser o ápice dessa luta, mas porque o transporte? Penso que a locomoção é fundamental, visto que as pessoas passam mais tempo no seu trabalho ou na escola do que mesmo em suas casas e isso é significativo na vida do ser metropolitano. Percebido isso a série de desajuste do transporte como o malefício desde tempo gasto na espera de ônibus até mesmo a saída de uma região da cidade a outra, cansa o “cidadão” da cidade e isso faz com que ele se manifeste no transporte, mas frequentemente do que no aumento da água tratada por exemplo.
A crise existente dos partidos políticos, sindicatos e toda a burocracia encontrada nas instituições burguesas, já não representam mais a confiança de muitos populares que foram à rua. Isso cominou no discreto e na nova maneira de se organizar em rua. Com movimento sem lideres e sem presença partidária. Construído de forma espontânea, onde mesmo quando não havia presença de “radicais” houve manifestação violenta por meio de usuários.
A crise que vive o mundo capital é evidente desde inicio do século XXI temos crises acentuadas no mundo, como podemos notar a crise europeia e outras. O mundo globalizado já não é o mesmo do fim da segunda guerra mundo, Os Estados unidos da America já não sustenta uma hegemonia econômica como anteriormente, sendo assim o Brasil como aliado nesse mundo capitalista, não consegue bons resultados o governo se viu em meio a crise interna também no País, notasse a precariedade na saúde pública e na educação, fruto de crise no país e corrupção do governo federal, isso aliado a inúmeros investimentos com o Pan-americano a Copa do Mundo de 2014  e posteriormente as Olimpíadas do Rio de Janeiro, foi o que se necessitava para junta ao aumento da tarifa nas cidades fornecer a energia de insatisfação necessário para as manifestações.

Em Goiânia analisamos aqui que a pesquisa legitimou as ações, dessa forma pessoas que trabalham e sofrem a desigualdade principalmente econômica, se viram na necessidade de lutar nas reivindicações por busca de melhoria do transporte, entendia que a segregação urbana se passa também pelo transporte O uso da cidade fica impedido pela tarifa de ônibus e não há a mobilidade urbana devida na frequente locomoção diária da cidade. Fatos como o tempo de viagem dentro do ônibus e perca de tempo em pontos e terminais de ônibus são rotineiros na cidade de Goiânia. Contrastando as empresas como Rápido Araguaia e HP e outras não tem o menor senso humanismo para com os trabalhadores da cidade de Goiânia e região metropolitana, se notou assim que os empresários valorizam mais o material conquistado por meio da exploração da linha de produção capitalista do que o ser humano. Fato percebido nos atos combativos da Frente de Luta.  A ação vem a legitimar as manifestações é coerente afirmar que traziam pessoas que vivem a margem de uma sociedade cada vez mais separatista em suas ofertas de cidadania.


Tivemos então na pesquisa com os entrevistados relatos de que a prisões de manifestantes foi um fato que desmotivou os manifestantes a estarem levando a diante o movimento. Esse fato incluído da forte repressão policial como: prisões temporárias, perseguições e violência, cominou no enfraquecimento do movimento no ano de 2014, além deste a propagação da mídia foi apontada como desestimulantes para se aumentar o movimento, rótulos de “Vândalos” “Vagabundos” “baderneiros” foram desencadeados na opinião publica formando assim uma repulsa contra pessoas que atuavam na Frente de Luta.
Colaborando a isso e concluindo essa coesão tivemos a “Lei antiterrorismo”[38] que chega a 30 anos de prisão e que não é nada mais que a ação do Estado e da classe dominante contra os trabalhadores. É a legitimação de um Estado de exceção sobre as organizações e ações dos movimentos populares. É preciso lembrar que logo depois do levante popular de junho de 2013 o Ministério da Defesa elaborou o manual “Garantia da Lei e da Ordem” (GLO)[39] como forma de legitimar oficialmente a perseguição política, a violência policial e o terrorismo de Estado contra aqueles que participaram de Junho de 2013.
Durante Junho de 2013 e as manifestações anti-Copa de 2014, a ação insurgente das massas colocou desafios para a repressão. Ficou claro para o Estado e as classes dominantes no Brasil a necessidade de frear cenários de intensa luta de rua como os experimentados no período das mega manifestações. O documento “Garantia da Lei e da Ordem” indicava quais seriam os passos jurídicos e militares do Estado em relação a combatividade dos movimentos de rua no país.

Posteriormente as empresas de transporte conseguiram aumentar a tarifa no período de carnaval de 2015 efetivando assim que a conquista referente ao valor da tarifa ainda não foi conseguida e prossegue nos anos posteriores, tendo esse aumento em 2015 chegado hoje a R$ 3,30, mas se pensarmos na articulação houve uma vitória já que Goiânia não havia conseguido nunca em sua história ter uma manifestação do transporte publico que pudesse alcançar status de revogar tarifa de ônibus.

Presenciei que a tática de sem lideranças e encarada para se esconder da repressão do Estado e mesmo evitar a casa aos lideres do movimento, por haver necessidade de todos se representarem extinguindo a concentração no líder que em sua falta o movimento se encerraria ou perderia força.

Com a necessidade de se afastar do modelo de organização tradicional de movimentos políticos a Frente de luta de Goiânia assim como os outros grupos pelo Brasil se colocou com características antipatidaristas, auto-getionárias, anti-hierarquia e horizontalidade. Isso ficou explicito nas reuniões dos grupos na organização pré-ato e também no momento dos atos na rua.
Claro que houve movimentação de partidos políticos em absorve o movimento e de integrantes de partidos, mas o caráter na fundação do movimento era de não ter ligações com partidos.
A necessidade de se ter estratégias diferentes nos atos, mas a fim de diversificar os formatos e trajetos das manifestações, assim como dias e lugares. Por tanto a mim percebido a falta de pensar além da resistência e agir em ataque prejudicial a materiais dos dominadores são percepções que possam ser desenvolvidas posteriormente.

Nota-se que essas manifestações tiveram uma organização nem de baixo pra cima nem de cima pra baixo, e sim teve uma maneira de se auto-organizar bastante diferenciada mostrando que não havia uma liderança política nos atos e também não havia entre os participantes nas reuniões de organização. Estabelecendo a horizontalidade do movimento com a estrutura por meio da autonomia, com as seguintes características: organização horizontal, anti-hierarquia e trabalho de base.
A constatação vem com as entrevistas dos manifestantes da Frente de luta (GO) elencarei aqui estas:
1.             Mesa a frente, onde se coordenava as falas.
2.             Votos se necessário.
3.             Tempo divididos pra falas.
4.             As ações delimitadas deviam ser de conhecimento de todos sempre com o conhecimento de todos
5.             Apartidária e sem fins lucrativos.
6.             Divisão de tarefas
Essas relações são difundidas no processo de organização autônoma, como é a questão trazida em titulo desse trabalho, chego a afirmar que esses grupos praticam o anarquismo na essência, mas não na sua plenitude que carece de desenvolvimento para se constituir com uma anarquia de organização.
Hoje estamos com uma tarifa de 3,30 em Goiânia, sendo bastante abusiva para a renda do trabalhador goianiense e da região metropolitana. Como o entrevistado de número 1 falou “O movimento hoje se encontra em refluxo, não tendo muitos atos e se encontra acontecendo reuniões, mas sem atos pela questão da policia, por ter as repressões anteriores de 2013. Percebe-se que os aumentos ocorridos nesse ano não conseguem uma sequencia devida ao medo dos manifestantes que temem prisões como foi feita no passado.”.



Minhas conclusões por meio do método de análise: materialismo sociológico

Percebo que as lutas históricas no Brasil insurgiram nesse  movimento pelo transporte e foram se ampliando a partir das demandas sociais, como é a questão da educação, saúde e segurança pública. Se pensarmos que a amplitude do movimento foi positiva, deve-se entender que foi o melhor a ser feito, pois nenhum membro orgânico de organização poderia ser o grande agente da luta social no Brasil, mas sim o revolucionário deve ser os trabalhadores e vejo que isso ocorreu, mas não com a acentualidade necessária, mas devemos entender que é necessário trabalhar a base da classe trabalhadora e juntamente com o processo social de transformação fato este histórico, chegamos a mudanças na estrutura social. Percebo de fundamental importância à luta pela a tarifa, mas o pensamento revolucionário sobre esse movimento não se apresenta como deveria ser, para que possamos chegar a radicalidade necessária a vista de lutar de igual para igual e não apenas resistir às ações do Capitalismo.
A entrada da classe trabalhadora com suas pautas é fundamental para começar um processo de projeto político que venha assim colaborar para uma transformação social. Com isso as correntes revolucionárias que partem de entendimento classista e são combativos serão fundamental para está auxiliando a classe para novos rumos sociais. Almejando objetivos radicais. Para isso se deve romper com todo e qualquer sistema burocrático de organização que vão estabelecer a formação social capitalista de hoje e nada mudará o amanha. Enfatizo que a luta pela a tarifa teve uma relação com a classe trabalhadora, mas não conseguiu estabelecer a radicalidade necessária a fim de fortalecer e impulsionar a autonomia e a combatividade necessária para se gerir uma sociedade liberta.
Outro ponto necessário e o afastamento de qualquer relação com instrumentos burgueses, como a mídia. Devemos enquanto revolucionário rechaçar qualquer vinculo com essa via traidora e também classista, já que é de uma classe social.

Uma analise anarquista
Em uma analise sintética, quando as manifestações se recuaram devida a coesão do Estado foi apresentado à continuação de uma a sociedade dominada onde os privilegiados burgueses venceram os explorados, mas se pensamos que a radicalização apareceu no Brasil de 2013 foi um avanço na transformação social., Diante disso o Estado reforçará a coesão e planejará para conter a radicalização que colabora pra transformação social. Vejo que se permitiu que a organização social esteja inteiramente no controle dos dominantes (burguesia, burocracia intelectuais acadêmicos e etc.) A organização dos proletários dificilmente consegue agir a fim de estabelecer novos rumos para os explorados.  A sociedade pautada nas nos interesses dos produtores, onde não existe corrupção concentração de poder e riqueza só será possível com o fim do capitalismo.
Se até agora como nessa pesquisa foi comprovado que o “cidadão” não consegue usufruir da cidade verdadeiramente, isso na reflexão de um jovem anarquista é mais explicito. Os mesmos conseguem perceber os agentes e as estruturas sociais que proporcionam esses fatos e age com vigência contra essas estruturas.
É necessário pensar em reação da ação do capital, não somente no transporte público por meio da mobilidade urbana na questão econômica, mas sim reagir às opressões no plano político ideológico, cultural e todas as opressões sociais efetivadas pela burguesia.
Nas manifestações tivemos uma luta particular entre anarquistas e policiais agentes do Estado Capitalista. Para tanto esse conflito era muito mais do que um simples confronto nas ruas do Brasil se tratava de uma colisão de duas ideológicas políticas sociais, sendo assim o que tínhamos era mais uma vez a poralização entre a ideologia capitalista presente na classe burguesa e a ideologia anarquista presente na classe trabalhadora, mesmo a luta pela tarifa de 2013 não sendo um movimento plenamente anarquista, havia o uso de ações anarquistas e presença de integrantes principalmente Bakuninistas.  Presenciamos mais um confronto que já se sucede há 150 anos desde AIT (Associação Internacional dos Trabalhadores) de 1864 que manifestou a primeira ação do programa anarquista pra um movimento de massa, com os preceitos dos até então prodhonianos mutualistas e os coletivistas. Esse conflito histórico já derramou quantidade considerável de sangue nas revoluções que sucederam no fim do século XIX e durante o século XX e a continua luta e travada diariamente.

Indicação para novo estudo
·         Pesquisa sobre a tarifa zero que já é realidade em 86 cidades de 24 países no mundo, tendo 12 cidades no Brasil como: Maricá (RJ), Agudos (SP)















Referencias

CARLOS, Ana Fani Alessandri, A (RE) produção do espaço urbano, 1º ed, São Paulo, Ed USP 1994
CORRÊIA, Roberto Lobato, O espaço urbano 2º ed. --- São Paulo, Ática,1993
GOMES, Paulo Cesar da costa. A condição urbana: Ensaios de Geopolítica da Cidade, 2º, Rio de Janeiro, Beltrand Brasil 2006.
GOHN, Maria da Glória. Teorias dos Movimentos Sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos 2ºed, São Paulo,Edições Loyola,2000
MARX, Murillo.Cidade Brasileira,1ºed.São Paulo,Editora da Universidade de São Paulo,1980

RECLUS, Élisée. Renovação de uma cidade repartição dos homens, 1ºed, São Paulo, Imaginário,2010
SANTOS, Milton. O Espaço do cidadão, 1ºed. São Paulo, Livraria Nobel S.A.1987.
SOUZA, Marcelo Lopes de, Abc do desenvolvimento Urbano 2º ed.; Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2005.
SPÓSITO, Maria Encarnação Beltrão, Capitalismo e urbanização 6º ed. – São Paulo, Contexto, 1994—(Repensando a Geografia)
VINICIUS, Leo. Guerra da tarifa 2005: uma visão de dentro do movimento passe-livre em Floripa,1ºed,São Paulo,Faísca,2006
VINICIUS, Leo. A Guerra da tarifa 1ºed, São Paulo,Faísca,2005
Vinte centavos: a luta contra o aumento/Elena Judensnaider...[et al.].—1.ed.—São Paulo: Veneta,2013. Outros autores: Luciana Lima, Marcelo Pomar,  Pablo Ortellado
WHIRIT, Charles Lesão. O que é transporte urbano, 1ed. Brasília, Editora Brasiliense S.A, 1988.


Materialismo anarquismo e Revolução social: Andrey Coredeiro Ferreira http://www.mediafire.com/view/getk84td18p7bbv/Materialismo_anarquismo_e_rev_social.pdf, acessado em 10/01/2016
Direto Administrativo Brasileiro. 34°. ed. São Paulo: Malheiros Editores Ltda, 2008. http://siaibib01.univali.br/pdf/Gabrielli%20Machado%20Nascimento.pdf.  Acessado em 04/11/2015













































Anexo

Universidade Estadual de Goiás
Campus de Ciências Sócio-Econômicas e Humanas



Sendo assim entender como se organizou o movimento Goiânia. E os atos, onde se articulava isso é necessário, e é nossa próxima análise
Como proposto para a pesquisa e para obter os objetivos. Ouvi três pessoas entre os dias de 15/10/2015 a 02/11/2015
As pessoas estavam diretamente ligadas a Frente de Luta na Cidade de Goiânia. Onde atuaram no ano de 2013 e 2014
Dessa forma fiz perguntas referentes ao contexto das manifestações, sendo os nomes preservados. Vamos a elas.

(Pesquisa de campo).
Entrevista  para militantes da Frente de Luta GO.
Entrevistas que contém perguntas e respostas


1.       Quando começou as manifestações?

O entrevistado de número um, relatou que o inicio da primeira manifestação foi dia 08 de maio de 2013, iniciando assim a Frente de Luta GO.



2.       Como podemos classificar a jornada de 2013 em Goiânia, quais são os alcances de movimento, revolução, movimento urbano, revolta ou insurreição?

O entrevistado de número 1 classificou o movimento das manifestações de 2013 em Goiânia como um movimento social
O movimento se encontrou como uma revolta urbana, tendo conquistas.
Como o passe livre, sendo necessário o cadastro e comprovação de renda para se conseguir o beneficio.
Outra conquista foi o ganho tempo ficou apenas quatro meses em execução, tendo o usuário uma hora de gratuidade na tarifa, a partir do momento do primeiro embarque o mesmo poderia embarcar novamente em qualquer Ônibus da região metropolitana que não seria cobrada a tarifa. O mesmo deveria guardar o seu bilhete Sit. pass. ou utilizaria as chamadas "Carteirinhas" para adentrar no ônibus.
O Entrevistado de número 3 responde se tratou de manifestação social.



3.       Quais fatores foram fundamentais para se iniciar o movimento em Goiânia?

O entrevistado de número um relaciona alguns fatores primordiais para o inicio do movimento são estes a seguir.
Promessa do passe livre em Goiânia, na campanha do governo Marconi Perillo
Aumento da passagem 2,70 indo para 3,00. Esse aumento ocorreu no inicio do ano de 2013 em conjunto com as principais capitais brasileiras
Em resposta a esse aumento os manifestantes buscavam o "congelamento" da passagem se deu o inicio ao nome da frente. Frente de luta pelo aumento da passagem. Modificando posteriormente para (Frente de luta por melhorias no transporte coletivo)
Divulgação das planilhas de custo e lucros das empresas de ônibus, onde não se conseguiu que as empresas divulgassem as planilhas.
Ainda assim afirma o entrevistado de número 3
O aumento da tarifa, e o modelo de estrutura do movimento da Frente de luta.
Sucateamento dos ônibus e a descrença por vias parlamentares




4.       Qual foi o dia que se iniciou o movimento?

O entrevistado de número um, relatou que o inicio da primeira manifestação foi dia 08 de maio de 2013.

5.       Quais as datas dos principais atos? (comente sobre essas)

O entrevistado de número um citou as datas a seguir
 A primeira foi dia 08 de maio de 2013
Teve-se outra. A segunda no mês de meio.
A quarta foi dia 28 de maio.
Comentário sobre a quarta manifestação no dia 28 de maio

O entrevistado de número um conta sobre sua apreensão no ato

O local dessa manifestação foi o canteiro de frente a praça da bíblia
Confronto no inicio da praça, havendo quebra quebra do eixo e a cavalaria atrás dos manifestantes, foi características desse ato. No ato da prisão se iniciou com a presença de um (P2)[40] que consegui acompanhar os manifestantes e quando a cavalaria chegou até o local onde os manifestantes estavam escondidos  fui entregue pelo policial disfarçado.  foi colocado maconha na mochila dos manifestantes e acusados de portar a droga.   O resultado foi 15 pessoas presas, sendo seis menores de idade.  tendo os manifestantes sido aprisionados  com corda e levados a praça da bíblia para os Policiais Militares
Posteriormente levados ao 1º DP (Departamento de Polícia) perto do Parque multirama e encaminhado a DEPAI. (Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Inflacionais)


6.       Houve alguma manifestação partidária em tenta absorver o movimento, no inicio ou no decorrer?

No inicio do movimento não se houve tentativa de absolvição.  Os membros de partidos participaram, mas não traziam ideias do partido.
No dia 20 de julho os partidos criaram uma manifestação no mesmo horário da manifestação da Frente de luta.
Nas reuniões aparecia pessoa que queria colocar partido político, criando liderança, mas logo se era lembrado a eles que o movimento era apartidário.
Havia dois membros vereadores um PC do b. outro do PT apareceram em reuniões, mas não prosseguiram nas mesmas.
·         Sobre pagamento de Fiança
O pagamento de Fiança por muitas vezes foi feito pelo deputado Mauro Rubens, pagou a fiança, mas não queria ser divulgado o nome.
O entrevistado diz suspeitar que o deputado tivesse se disposto a pagar a fiança pelo fato de manifestantes que participavam de partidos políticos estarem presas. Como o caso de membros da UJS (União da Juventude socialista) que mesmo não colocando ideais partidários no movimento, participavam como membros comuns.
O entrevistado de número dois responde e confirma
Várias tentativas partidárias de cooptar as pessoas, Iniciantes e conchaves do PT , PC do B . Tentativa de criminalizar pessoas.
Tentativa de aparelhamento do movimento do movimento. O Deputado Mauro Rubens do PT foi à reunião.
Existiu um advogado do PC do B. que tentou levar a frente pra luta burocrática legislativa. Tendo marcado sessões no fórum de Goiânia
Os políticos faziam tentativas de “implosão” de reunião e conseguiram parar as reuniões, com confusões no momento da reunião.
O entrevistado de número 3 acrescenta que as pessoas de partidos políticos iam frequentemente nas reuniões
Houve um integrante de partido político que levou integrantes da   audiência publica, Por métodos institucionais.
Alguns participantes foram em audiências publicas marcada por esse integrante.
A Frente não havia opinião hegemônica. Sendo assim várias ideias se faziam  presentes.
Reforço que houve ida de pessoas para partidos políticos.




7.       Como se organizava o movimento? (formato, estruturas,)

O entrevistado de número um se refere ao movimento como uma organização horizontal e comentou sobre a organização.
O movimento se encontrava com mesa a frente, onde se coordenava as falas e os votos.
  O tempo era dividido e as falas, Era encaminhamento propostas dos manifestantes pra a mesa e se havia o direito a um voto por pessoa.
A deliberação em conjunto era entre todas as pessoas, tendo o conhecimento de todos do que se era decidido.
Apresentação das propostas, e explicação do por que do trajeto, por exemplo, era uma situação corriqueira na organização.

Existia a formação de comissões vamos a elas:
Protesto: dividido em comissões: para dinheiro do carro de som, onde o membro da comissão buscava arrecadar dinheiro para o pagamento do carro. 
Comissão para falar com a empresa. Os membros ficavam destinados a falar com reportes e pessoas das mídias independentes.
Comissão de autodefesa. Que se ligava a ação direta.
Essa comissão destinava para preparar matérias a serem utilizados nas manifestações, como: Faixas, pneus, tinta e etc.
A comissão se encontrava em um estado rotativo. Onde o mesmo que participara de uma comissão em um momento, em outro momento participara de outra.
O entrevistado de número dois conclui
O Movimento de frente, não tinha definição ideológica, não tendo algo o mais do que a tarifa. A luta se dava pela as ações dos autonomistas.
A organização era com discussão de pauta, com comissões de divulgação de empresa, arrecadação de dinheiro, carro de som.
Era anti governo, bem abstrato. Sendo os participantes de partidos políticos

8.       Havia a iniciativa de lideranças dentro do movimento?

Iniciava-se liderança no movimento por parte de alguns membros, mas logo se lembrava de que o movimento se trava de horizontalidade sem lideranças.
O entrevistado de número 3 responde
 Havia grupos que disputaram a frente de luta. Como a RECC (Rede estudantil Classista e Combativa ) mas com pouca influencia,  já com grande influencia a Tarifa zero, MEPR (Movimento Estudantil Popular Revolucionário) e especificamente a (Recc aparecida com núcleo de base da  Revolta estudantil)
Liderança na conjuntura capitalista não havia


9.       Quais os pontos de concentração do movimento pela cidade?

As reuniões eram feiras na faculdade. Por motivo de segurança
Reunião na faculdade DCE da UFG
Faculdade de Educação da UFG
Casa do estudante da UFG.

Quais os pontos de manifestação na cidade?
1 Praça cívica e  av. Goiás com anhanguera. Praça do bandeirante
2 praça cívica e  pra Praça universitária. Sendo sempre utilizada a Avenida Universitária
3. Praça da bíblia. Utilizando a av. Anhanguera.

10.    Ocorreu a repressão dos policiais, perante o movimento?
Sim

11.    Ocorreu repressão moral, física ou outro aspecto?

A Repressão física era feita através de algumas matérias de uso da policia como. Gás lacrimogêneo, bala de borracha, cachorro treinado e etc.
 Havia por muitas vezes fiscalização de mochilas de pessoas que iam para os locais de manifestação.
Havia também correria, prisão de manifestantes 15 a 20 pessoas presas nas manifestações era constantemente nos atos.
O cenário da luta estabelecida era de que os policiais iniciavam o confronto, os manifestantes reagiam essa era a tônica dos atos.


Repressão Moral

Os manifestantes eram chamados pelos policiais de “baderneiros”, vândalos que poderia se manifestar, mas não de forma violenta e sim pacificamente.
Por parte dos populares, eram chamados de vândalos, e os populares falavam no convívio diário quando via os manifestantes pela rua da cidade ou mesmo em conversas.
A empresa também nos chamava de vândalos e baderneiros
O entrevistado de número 3 acrescenta
Houve ameaça em internet como Facebook falso. Ameaças por parte de policiais nos chamados faics[41]
Eram três tipos de prisões.
No ato com o TCO sendo que ocorria a soltura no fim do ato, tendo apenas  somente agressão física por parte dos policiais.
Atos radicais. Havia o registro do B.O, sendo que os presos ficaram de 4 a 5 dias.
E a prisão de operação nas casas das pessoas.
Mas de maneira geral havia uma variação no momento das prisões, havia  policias que tratam bem e havia policias que reprimiam violentamente.
O choque fazia a prisão dos grandes atos. Agiam com agressão física e se colocava  os presos com duração de 1 hora na viatura.
As prisões eram no 1º DP (Departamento de Polícia) Sendo que havia piadas e falas dos policiais como “anarquistas devem apanhar”



12.    Houve entrada de pessoas no decorrer do movimento?
Sim
O número de pessoas chegou a grande quantidade.
O número entrava no decorrer das manifestações a partir da segunda manifestação.


13.    Como foi o papel da cobertura da mídia de Rádio e TV e a mídia independente?

O papel da mídia independente era mais verídico, por se tratar da realidade dos manifestantes e no momento do ato.
A mídia burguesa mostrava momentos editados do ato e não focava na pauta do protesto, falavam na matéria da seguinte forma manifestantes os “vândalos protestam” e não falava da pauta. Sendo que apareciam apenas momentos de confronto com policiais.
A fala dos comentaristas de televisão e Radio eram em grande maioria condenando os protestos que usava a violência para reagir

Mídia independente.
 Mídia para frente de luta mostrava o real, como o depoimento e sem edições.


14.    Existiu fatos que desmotivaram as pessoas?. Se sim comente

Isso se demonstrava pelo fato da repressão dos policiais. Os populares não queriam mais ir porque viram as prisões dos manifestantes e a violência da policia nos atos.
A mídia desmotivava as pessoas colocando como “baderneiros”, A opinião pública pelo fato do estereótipo criado julgava os manifestantes como criminosos e que apresentavam ameaça para o bem estar do usuário de ônibus. Falas como "isso não adiante e se destruírem o ônibus fica é pior por se menos um na linha" era rotineiro nas conversas pela cidade.

15.    O entrevistado de número um comenta sobre a sua prisão em casa.

Foi colocado um grande aparato policial para efetuar a minha prisão, duas viaturas foram utilizadas e um número grande de policiais vieram até a minha casa

O Draco foi criado para investigar os manifestantes que aviam sido presos, os policiais disseram no momento que me prenderam que já estavam investigando os três presos e o outro que conseguiu fugir a quatro meses.
Com a prisão de três manifestantes e a fuga de um. Os manifestantes fugiram para outras cidades por que a (operação 2,80) havia remetido boatos que haveria mais apreensões, essa informação foi apresentada na Televisão.


Como se encontra o movimento nos dias de hoje?
O movimento hoje se encontra em refluxo, não tendo muitos atos
se encontra com muitas reuniões, mas sem atos.
Por questão da policia, por ter as repressões anterior de 2013. Percebe-se que os aumentos ocorridos nesse ano, não conseguem uma sequencia devida ao medo dos manifestantes que temem prisões como foi feita no passado.

16.    O entrevistado de número um acrescenta sobre materiais apreendidos no momento de sua prisão.

Prisão de panfletos, tintas, spray
Livros de formação, livros revolucionários. Material de autor goiano.
Computador, pen drive, bandeira de grupo revolucionário. Jornal de matéria de manifestação. Maquina fotográfica, celular ao todo a quantia de tudo é de uns 3 mil reais.





Fotos ilustrativas

 
Fonte: FERNANDES: Hercules, 2013

Fonte (Unipa) 2013
Fonte: (Unipa) 2013. Imagem da TV anhanguera cedido a União popular Anarquista.



Fim.
Frase ilustrativa.
Levando combustível para a sua barricada.







[2] O que é Anarquismo. https://uniaoanarquista.files.wordpress.com/2014/07/cdp70.pdf
[3] Classe social
[4]  Foi um modo de organização social e político baseado nas relações servo-contratuais
[5] É um processo de agrupamento das características rurais de uma localidade ou região, para características urbanas.
[6] Rede integrada de transporte.
[7] O poder concedente não transfere propriedade alguma ao concessionário, nem se despoja de qualquer direito ou prerrogativa pública. Delega apenas execução do serviço , nos limites e condições construturais, sempre sujeita a regulamentação e fiscalização do concedente. Ct MEIRELLES, Hely Lopes. Direto Administrativo Brasileiro. 34°. ed. São Paulo: Malheiros Editores Ltda, 2008. p.3 Informação encontrada em http://siaibib01.univali.br/pdf/Gabrielli%20Machado%20Nascimento.pdf. Autora: Gabriela Machado Nascimento. TCC intitulado “O Processo licitatório incidente do Regime de concessão de serviço público”.
[8]Pode se definir a licitação como um procedimento administrativo pelo qual um ente público, no exercício da função administrativa, abre a todos os interessados que se sujeitam às condições fixadas no instrumento convocatório a possibilidade de formularem propostas dentre as quais selecionaria e aceitará a mais conveniente para a aceitação do contrato Cf. DI PEDRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 20ª ed. São Paulo: Atlas, 2007. p.325 Informação encontrada em http://siaibib01.univali.br/pdf/Gabrielli%20Machado%20Nascimento.pdf.  Autora Gabriela Machado Nascimento. TCC intitulado “O Processo licitatório incidente do Regime de concessão de serviço público”.
[9] Informação da quantidade de empresas obtidas no site da RMTC http://www.rmtcgoiania.com.br/sobrea-a-rmtc/informacoes-institucionais
[10] Informação obtida no site da Rápido Araguaia em http://www.rapidoaraguaia.com.br/empresa
[11]  reportagem feita pela  TV Serra Dourada (SBT) https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=CkOKzNh3bNw
[12] Informação encontrada no site http://g1.globo.com/goias/noticia/2015/05/usuarios-aprovam-novos-onibus-em-goiania-mas-ainda-citam-problemas.html
[13] Informações obtidas no vídeo https://www.youtube.com/watch?v=39T87J9QYAM

[14] Índice de desemprego encontrado no site do Governo da Bahia Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) http://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=358:desemprego-chega-a-112-em-salvador&catid=118:sei-na-midia&Itemid=255
[15]  Informação encontrada Coletivo CMI http://brasil.indymedia.org/media/2004/10/292965.pdf
[16] Informação encontrada no site http://brasil.indymedia.org/media/2004/10/292965.pdf
[17]  O movimento passe livre é um movimento horizontal, autônomo, independente e apartidário, mas não antipartidário. http://www.mpl.org.br/
[18] Informações sobre corrupções da copa de 2014 obtidas no site da gazeta do povo: http://www.gazetadopovo.com.br/esportes/copa/2014/um-escandalo-paira-sobre-a-copa-9xj3zduphev5vus29w33up8we
[19] Cenas da desocupação da Aldeia Maracanã https://www.youtube.com/watch?v=jxrZLuAgJo4
[20] Porcentagem encontrada em: http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/01/inflacao-oficial-fecha-2013-em-591-diz-ibge.html
[21] Informações encontradas no vídeo do programa roda viva da TV cultura https://www.youtube.com/watch?v=8FacFeGixxY

[22] Investimento no transporte revelado no site do G1 http://g1.globo.com/sao-paulo/anda-sp/noticia/2013/07/investimento-no-transporte-publico-deve-ser-prioridade-diz-especialista.html
[23] Arnaldo Jabor em comentário no jornal da Globo  https://www.youtube.com/watch?v=4jc653yMwpM
[25] Informações no seguinte site http://g1.globo.com/ceara/noticia/2013/02/passagem-de-onibus-de-fortaleza-volta-r-220-em-nova-decisao.html
[26] Informações do documentário com vandalismo https://www.youtube.com/watch?v=KktR7Xvo09s
[27] Policiais disfarçados de manifestantes
[28] Pessoas que mesmo tendo posições políticas não estão ligadas a nenhum grupo polico
[29] Informações obtidas no site http://g1.globo.com/bahia/noticia/2015/07/tarifa-de-onibus-do-transporte-metropolitano-sera-reajustada.html
[30] Que não possui vínculos com partidos políticos
[31]  Informações encontradas no site http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2015/01/tarifa-de-onibus-em-florianopolis-sobe-para-r-310-partir-de-domingo.html
[32] G1 http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/01/tarifa-de-onibus-trens-e-metro-sobe-para-r-350-nesta-terca-em-sp.html
[33] Site do MPL SP http://saopaulo.mpl.org.br/
[34] Dados encontrados no IBGE cidades: http://cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php
[36] Manifestações em Campo Grande MS http://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/manifestantes-fazem-protesto-contra-aumento-da-tarifa-de-onibus-na-capital
[38] Sobre a lei antiterrorismo https://uniaoanarquista.wordpress.com/2015/10/14/lei-antiterrorismo-o-legado-repressivo-do-governo-ptpmdb-aos-movimentos-populares/
[39] Sobre o (GLO) http://www.defesa.gov.br/arquivos/File/doutrinamilitar/listadepublicacoesEMD/md33_m_10_glo_1_ed2013.pdf
[40] Policial disfarçado de manifestante em atos.
[41] (falso facebook)



A revolucionária está de volta. Anna Campbell a revolucionária do anarquismo curdo.

  Campbell nasceu em Lewes,  East Sussex ,  Inglaterra , filha do músico de rock progressivo Dirk Campbell. Ela foi educada na escola secund...