A herança da educação livre e popular
Rogério
de Oliveira Silva-
rogerio3108@hotmail.com
RESUMO.
Este
estudo apresenta considerações acerca da atual situação da educação libertária,
nele apresento a pesquisa na temporalidade do século XXI, perpassarei pela
história da educação libertária analisando os pontos cruciais que destinaram a livre
educação integral a ser marginalizada e retraída em pequenas iniciativas, fato
este prorrogado pela educação do Estado, sendo que toda manifestação
educacional livre do preceito estatal e da doutrina religiosa é considerada
nesta pesquisa. A mesma se propõe a trazer a tona os elementos essências para
uma educação que visa acompanhar revoluções a fim de alcançar a liberdade
humana.
Palavras chave: Educação Libertária,
Atualidade, Revolução.
A origem
Compreender
sobre a educação libertária é algo
imprescindível nessa pesquisa, preciso aqui desmistificar a educação libertária
da educação formal regulamentada pelo Estado. Compreende-se que se trata não apenas o oposto desta educação
ortogada pelo Estado e igreja. Mas possuidora de metodos, conceitos e objetivos
, que visa contribuir na libertação humana. Estes pressupostos são: O máximo da
compreensão do ser humano, para com o ser humano, o máximo conhecimento do ser
humano para com a humanidade, onde a norma é o ser humano ser o agente
principal do conhecimento, tendo assim a realização e compreensão do ser por
completo, bem como elementos que provocam a educação e pedagogia libertária como
a racionalidade a autogestão e o apoio mutuo no ensino aprendizado, além da participação da comunidade, sendo esta
fundamental nas práticas educacionais. Nestes parâmetros o ser humano será
levado ao conhecimento profundo e intelectual de si mesmo e das ciências
naturais.
Na
primeira massificação experimental de uma sociedade libertária, a comuna de
Paris (FRA)
aleijou uma educação livre para os trabalhadores parisienses, onde o anseio de
educação seria para todos e o conhecimento disponível a todos, como me refiro abaixo.
A educação
libertária vem de um interesse presente, na Comuna de Paris tivemos o exemplo
como meio de estabelecer a educação a partir da visão operária, essa classe
trabalhadora estava destinada a uma educação autônoma que estivesse a
estabelecer o ser com visão social, estando ligado aos movimentos sociais e
utilizando o meio cientifico para estabelecer mudanças nas vidas das pessoas,
uma ciência que se proponha a atender os anseios de todos, estipulando o saber
a todos e fazendo com que esse fosse a favor de todos.
(SILVA,R.O, p.05)
Essa educação de fato nunca chegou a se
concretizar, já que a Comuna de Paris (1871) durou apenas aproximadamente dois
meses. Neste contexto a educação libertária recém nascinda na comuna de paris
era então uma experiencia dos trabalhadores comunates franceses, que iriam
educar as próximas gerações por meio de um estudo cientico que se propunha a
continuar a liberdade dos trabalhadores parisienses
Para que se pudesse chegar a
uma escola libertaria, não se poderia manter resquício de outra escola passada,
a abolição da escola do Estado burguês se foi em 03, 04, 05 de
setembro de 1871, era necessário, pois ela era
autoritária demais, com sua hegemonia e hierárquica, formando assim os
oprimidos submetidos pela escola burguesa. Não se poderia manter essa instituição
de ensino tão mandatária frente aos populares, sendo um compartimento da Igreja
e do Estado.
A escola libertária construída na Comuna tinha
como ideal ir contra fatores que a escola burguesa defendia como a venda e
apropriação do saber e do conhecimento, na escola libertária o conhecimento é
um fluxo de todos e para todos, estando em todas as partes, sem muros, sem
pensadores que possam se apropriar desse conhecimento.
Brasil
Foi
com esses elementos pedagógicos que no século XIX anarquistas chegaram ao
Brasil, com muito a fazer no campo do trabalho, mas também com suas ideológicas educionais.
Uma das primeiras escolas a experimentar esse modelo libertário foi à criada
por Arthur Campagnoli, onde este foi o principal fundador da colônia Anarquista
de Gurararema no estado brasileiro do Paraná, e também na experiência de
colônia Cecilia neste mesmo estado. Mas o desencadeamento da educação
libertária sobre tudo no estado de São Paulo veio logo após o fuzilamento do
pedagogo libertário espanhol Francisco Ferrer e Guardia,
este possuiu bastante influencia no Brasil, suas experiências de pedagogia libertaria
resurgiram em São Paulo no inicio do século XX, como o também pedagogo João
Penteado, bem como em outros lugares do
Brasil. Essas escolas libertárias não possuia apenas ensinamentos às crianças,
mas possuia também palestras cientificas para adultos, visto que a pedagogia
anarquista não era apenas uma educação livre dos preceitos dominantes, mas
também abargava uma carga ciêntifica que colaborou para a pedagogia no Brasil. Esta
educação advinha de um aparato do movimento anarquista no incio do século XX,
que além de salas de aulas possuia uma série de manifestações do moviemento no
Brasil, tais como: Jonais, Livros, novas traduções, formou uma aproximação com
anarquistas do exterior. Esses jonais operarios serviam como suporte na sala de
aula. Assim como na europa do inicio do século.
Voltando à Europa
Na
Europa do inicio do século XX, já havia consideráveis
manifestações de educação popular e libertária, como ocorria na França por um
educador chamado Robin, no oranato cempuis e a
mais famosa a Escola moderna de Barcelona pensada por Ferrer. Os textos
jornalisticos apresentavam repudio dos anarquistas ao clero da Europa naquele
periodo e reforçava a educação que deveria ser compartilhada entre todos, partindo
de não ser uma doutrina as crianças, mas
sim afastando as doutrinas dominantes que estavam históricamente empregadas a
elas. Entender isso é fundamental para entender
a chegada das ideias dos emigrantes italianos, espanhoes e portugueses que
foram empregar a sua mão de obra no Brasil, em conheitas como o café e trabalho
no campo em geral, estes que se propuseram a diversas atividades. Essas
atividades aumentaram a ligação com os militantes de outros lugares, isso
propicou um estudo sobre as temáticas pertinentes de luta e revoltas, e
percebeu-se que seria nescessário algo a ser feito ja que o indice de
analfabetismo entre os operários era bem considerável. Era necessário mudar, pelos seguintes
motivos.
a maioria dos operários havia trocado a escola pela fábrica e pela
oficina aos seis e sete anos de idade, para ajudar seus pais a sustentar a
prole. Por isso, os mais ilustrados, tinham que ler os jornais e prospec-tos em
voz alta, em grupo, nos locais de trabalho, às horas do 'almoço' ou nas sedes
das associações para que a maioria de analfabetos pudesse ouvir, compre-ender
as ideias, os métodos de luta, memorizá-los, assimilá-los!"
(RODRIGUES
Apud KASSIK p.23)
No Brasil os
jornais e revistas anarquistas, feito pelos militantes que chegaram ao país,
firmou laço com os militantes extrangeiros, no entento a educação libertária
havia de ter alguns seguimentos que os brasileiros deviam ser capazes de
aplicar a melhor forma nas escolas libertárias como em São Paulo.
Segundo
(KASSICK 2004) A educação libertária havia criando algumas vertentes dentre
estas a educação integral, aplicada na escola moderna de Barcelona. Uma
proposta de educação que forsse contraria a educação classista na divisão de
classe social capitalista, esta seguia os seguntes preceitos
[...]
divisão social do trabalho, organizaram uma proposta de educação para o
desenvolvimento completo do homem, ou seja, físico, intelectual e moral. Para
tanto, propuseram o acesso ao conhecimento sem a tradicional separação entre
traba-lho manual e intelectual, entre saberes do ofício e conhecimento
científico. Portanto, ao mesmo tempo era ensino integral e racional, integrando
o conhecimento teórico e prático
Bem, a
explicativa de como essas experiencias educacionais foram extintas, vem de uma analise
histórica, dada aos acontecimentos politicos em cada local onde cada
experiencia se encontrava. A primeira vê-se a educação libertária e popular na
comuna de paris. Os dados acontecimentos na Guerra Franco-Pruciana, levaram não
só a educação liberaria popular a
extinção nessa experiencia, mas também o fim da Comuna de Paris. Com a derrota
do exercito formado pelos comunads revolcuionários, pelo exercito francês
fortalecido pelo exercito pruciano, onde o saldo foi de mais de 30,000 mil
mortos e mais de 40,000 mil detidos. Chagava o fim da Comuna de Paris e suas
tendências libertárias
Ao
compreendermos a educação libertária da escola moderna de barcelana compreende-se
um pacifismo, pois os fatos que alí
estavam empregados eram de contrapor a o estado pela ferramenta educacional que
ela oferecia, esta tendencia pacifista de Ferrer foi decorrencia do um período
de 1880 e 1890 que foi marcado pelo insurrecionalismo, corrente anarquista que
defende a propaganda pelo fato. A ideia era buscar consquistar as classes
dominantes com o metodo a longo prazo, preparando o campo para uma revolução
maior futura. Essa foi a combinação necessário para a educação integral, a
mesma compunha um ensino que visse a potencialidade da criança. Nessas
premissas a escola integral buscava tais objetivos
A
instituição prepara para a vida imediata com rebeldia, contestação e
experimentação de liberdades e igaldes. A escola é uma associação
altogestionária, administrada por todos, sem a interfer~encia do poder técnico
dos especialistas, da autoridades dos adultos, do domínio dos sábios ou do
monopolio do Estado. (PASSETTI, ACÁCIO, p.41)
Ao chegarmos
ao Brasil do século XXI, temos ainda experiências
de educação popular. Estas formações educacivais tem aparecido com bastante
frequencia no meio anarquista e agido popularmente, uma das experiencias mais eficazes é no estado
do Rio de Janeiro. Segundo o Militante Rafale Viana , O Centro de Cultura
Social do Rio de Janeiro (CCS-RJ) é um espaço comunitário em Vila Isabel que
possui como objetivos principais a formação e educação popular de crianças,
jovens e adultos. O CCS-RJ atende prioritariamente os moradores do Complexo dos
Macacos e existe desde 2003, sendo uma referência para a comunidade em seu
entorno. Abriga há anos iniciativas como oficinas, cursos e trabalhos de
educação popular, economia coletiva e ecologia social que beneficiam o bairro e
a comunidade e está aberto a movimentos populares diversos, desde que, estejam
em sintonia com nossos princípios e métodos de trabalho.
O que é o Centro Social do Rio de Janeiro ?
O
Centro de Cultura Social do Rio de Janeiro defende um trabalho social com
autonomia e independência de classe, seja em relação a partidos políticos
institucionais ou a práticas de gestão mercadológica que enxergam a questão
social como algo potencialmente lucrativo. O Centro de Cultura Social trabalha
no sentido da reconstrução do “tecido social”, constituído a partir de relações
de solidariedade e apoio-mútuo entre moradores, vizinhos e grupos. Indo, assim,
em sentido contrário ao individualismo e egoísmo celebrados nos tempos atuais.
Aposta nas práticas e trabalhos que busquem soluções coletivas e estimulem o
compromisso e a transformação social tendo por base demandas concretas do
bairro e da vizinhança.
Ainda o militante
Rafael Viana nos apresenta sobre o MOB
O Movimento de Organização de Base é um movimento
social que busca, a partir da mobilização do povo organizado,
lutar na reivindicação dos direitos e das necessidades mais imediatas do nosso
povo, seja na educação, saúde, cultura, trabalho etc.
Para isso, de
forma coletiva e horizontal também buscamos construir ferramentas de luta que ajudem na caminhada
cotidiana em direção a estes objetivos, como centros de cultura, bibliotecas,
oficinas, atividades culturais, trabalhos de produção e geração coletiva de
renda, espaços de educação e outros.
Acreditamos também
que existem iniciativas de organização popular
e comunitária de nossa classe que criam espaços de luta, resistência e de
socialização, como associações e centros comunitários, atividades culturais,
organizações de base, iniciativas de produção coletiva e outros. Nos bairros,
periferias, favelas, ocupações, no local de trabalho ou de estudo, estas
iniciativas e espaços devem ser estimulados e apoiados, sendo fundamentais para
se criar as condições de fortalecimento do protagonismo
do povo e do poder popular nas
lutas cotidianas.
Assim, no presente, com base nos acúmulos anteriores,
vamos construindo nosso futuro, com igualdade, independência e autonomia
política e econômica, organização e luta, caminhando para uma sociedade
igualitária, livre e fraterna!
O
MOB utiliza diversas ferramentas de mobilização de comunitária. A educação
popular é uma das ferramentas mobilizadas.
Atualmente
o MOB possui dois trabalhos de educação popular consolidados. Um destes é o
Pré-vestibular comunitário Solidariedade, localizado no bairro de Vila Isabel e
o Pré-comunitário Apoio Mútuo, localizado no Morro da Esperança (complexo do
alemão).
Pré-Vestibular Comunitário
Solidariedade e Pré-Vestibular Comunitário Apoio Mútuo: experiências de eduação
popular com os explorados e oprimidos/as
Estes
trabalhos buscam como objetivo imediato lutar no campo da educação popular,
para democratizar o acesso ao ensino superior, oferecendo ferramentas para que
trabalhadores, e pessoas que não têm a possibilidade de pagar um pré-vestibular
privado, possam ingressar em uma universidade pública. Para além desta questão
mais imediata, o Pré-Vestibular Solidariedade também busca ser uma ferramenta
de mobilização coletiva que ajuda a construir práticas políticas de
participação e envolvimento do povo na discussão, reivindicação e solução de
problemas sociais e na construção de novas propostas de fortalecimento do
tecido social, sempre de forma horizontal e com autonomia.
As
ferramentas de educação popular mobilizadas pelo MOB não são um fim em si
mesmas, mas um meio, para organizar nossa classe diante o ataque dos opressores
e oprimidos/as.,
O
também miltante Alexandre Samis apresenta em um video, um histórico da educação
popular no Brasil
Segundo
Samis, no final dos anos 1990 surge alguns grupos que possuiam inteção de
organização, estes criaram advindos do sul do Brasil, uma organização: era a
OASL (Organização Anarquista Socialista Libertária) sendo que desta organizaçaõ
surge outros grupos, como no Rio de Janeiro, estes grupos eram de trabalho, não
só de anarquistas, eles se colocavam a disposição para trabalhos populares,
como no caso nas favelas cariocas, onde trabalhavam com a ideia de letramento
na educação e outros passos educacionais, agindo nas favelas, onde havia
pessoas excluídas. Essa atuação ficou conhecida como “Resistência popular”.
Esses grupos vão cuminar na federação anarquista do Rio de Janeiro no ínicio
dos anos 2000.
As
semelhaças das iniciativas e experiências do passado para com as experiências
de hoje, estão vinculadas a luta dos militantes, que proporcionaram expandir um
trabalho intelectual para além da escola regulamentada pelo Estado detentor da
educação institucional mundial. As experiencias antigas podem abastestecer as
da atualidade e do futuro, apesar que existam diferenças entre as metodologias
aplicadas e discordância entre seus aplicadores.
Conclusão
Historicamente, a educação no Brasil sempre teve um
viés de dominação e preparação dos trabalhadores para mão de obra. Atualmente,
na concepção neoliberal, a educação continua a conservar os mesmos objetivos:
formar o indivíduo para o mercado de trabalho e submeter o mesmo aos valores
servis da prática social imposta pelo Estado. Seguindo essa linha de
raciocínio, a educação deverá formar sujeitos condicionados a obedecer ou a
pensar somente aquilo que sirva para reproduzir os interesses mercantis em que
vivemos. Essa metodologia de educação-mercadoria e submissão na formação do
indivíduo tem uma estruturação muito bem definida e organizada. Vemos isso nas
iniciativas de políticas públicas, sistemas educacionais e gestão escolar.
Além do Estado cooptar a educação e transformá-la, de
maneira devastadora, num aparelho mercadológico, as empresas privadas vêm
tomando seu posto no cenário educacional e fortalecendo esses pensamentos. A
rápida expansão das parcerias público-privadas na educação envolve cada vez
mais atores privados em uma faixa de atividade do setor público que inclui
áreas tradicionais dos sistemas públicos de ensino: definição de políticas,
oferta da educação, fiscalização e gestão escolar. O aumento da participação
das empresas privadas nos critérios de planejamento e organização do sistema
educacional, principalmente nas áreas comunitárias, é observado com a inserção
de projetos dessas empresas na educação formal e não formal por intermédio de
ONGs, SESC, SENAC, FIRJAN, Fundação Roberto Marinho, Fundação Bradesco, entre
outras. Essa educação voltada apenas para o trabalho embrutece o indivíduo, não
desenvolvendo as potencialidades dos trabalhadores, das crianças e sua reflexão
crítica e social. Cabe aqui uma crítica à educação privada como um todo, pois
consideramos sua existência um mecanismo de manutenção das desigualdades
sociais.
Apesar de ter problemas é necessário ampliar e
defender uma educação pública e de qualidade para todos. Por isso repudiamos o
fechamento das escolas públicas pelo governo. Dentre outras problemáticas desse
sistema estão a terceirização e a precarização do trabalho docente dentro das
escolas públicas, com salas de aula extremamente cheias e a “escravização” do
professor terceirizado. Isso é corroborado pelo incentivo as privatizações na
área educacional entrando em detrimento as necessidades de uma escola pública
de qualidade.
Esse tipo de sistema educacional deve ser duramente
criticado por nós que defendemos o Poder Popular, o Poder da Base, onde temos
como princípios a solidariedade de classe, a liberdade de reflexão crítica, a
autonomia e a independência dos sujeitos, ação direta, democracia direta,
classismo, autogestão educacional e a formação integral, tendo sempre em vista
a transformação social.
Referências Bibliograficas
Anarquismos e Educação/ Edson
Passetti e Acácio Augusto----Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008.---(Coleção
Temas e Educação)
Educação Libetária no
Brasil---Acervo João Penateado: Inventário de Fontes/Carmen Sylvia Vidigal
Moraes(org.) – São Paulo: Fap-Unifesp: Edusp,2013.
ILLICH, Ivan, et al. A Escola e a repressão dos nossos filhos.
Düsseldorf: Editora Patmos-Verlag, 1972.
Pedagogia Libertária na História
da Educação Brasileira, Neiva Beron Kassick e Clovis Nicanor Kassick—Rio de
Janeiro—achiamé Ed.3º,2004