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 Contra os homenageados e a instituição da homenagem


Há não muito tempo escrevia Beauvoir que “o heroísmo é exaltado porque ajuda a fundar o direito ao egoísmo. Aquele que, arriscando a sua vida, prova que a desdenha não tem porque ser cuidadoso com a vida alheia”. Todo herói é um ser mitológico, não importando se as bases para os seus traços correspondem a alguém que viveu e morreu. A realidade do herói e do mito é a-histórica. Sua lenda exige uma sociedade estável. Afinal de contas, desprovida das instituições que o fundamentam, a lenda pode esvaecer, evaporar quase que instantaneamente. 


Em 1953, um liberal colonialista ganhava o prêmio Nobel. Uma homenagem é um reconhecimento  dado por uma instituição. Qualquer título honoris causa transforma o sujeito laureado num exemplo, num totem e legitima ele perante a história. Colocar Winston Churchill como o "grande estadista que tinha sido o arquiteto da vitória na maior de todas as guerras"( Kjell Stromberg) tem o papel de estabelecer mais um mito de herói, da missão civilizatória ocidental, do triunfo dos valores do ocidente. Pois bem, Churchill nunca escondeu sua crença na "supremacia branca" e considerava os indianos uma "raça inferior". Ele também defendeu o uso de "gás venenoso" contra curdos, afegãos e "tribos não civilizadas" – seus defensores dizem que ele se referia ao gás lacrimogênio, o que não diminui sua preocupação em conter violentamente esses grupos. Mas ele também defendeu o uso de gás mostarda contra tropas otomanas. Um herói, como diria Beauvoir, desdenha a vida alheia.


Assim como Churchill, o imperador Constantino, Lutero e os bandeirantes são figuras historicamente controversas, para dizer o mínimo, exemplos bastante conhecidos do público acostumado a esse debate, todos "criminosos" contra a "classe/humanidade". A instituição da homenagem fabricante de mitos está continuamente laureando milicianos paramilitares, militares nostálgicos da ditadura e uma classe de políticos das novas direitas que ainda se ancora no fenômeno em que Bolsonaro é ainda um token, continua sendo usada pra influir em nossas subjetividades, a uma ofensiva a nível semiótico. Aqui, a máquina de guerra semiótica do capitalismo procura trazer a legitimação e positivação histórica dos inimigos de um outro mundo possível. O cultivo de heróis só é possível mediante um terreno propício e fértil. Este é, sem sombra de dúvidas, o terreno do conservadorismo.


O título de cidadania deveria ser repudiado por todo socialista, mas hoje em dia os militantes estão muito longe da prática e teoria de esquerda, e renvindicam representação, cidadania, social democracia e não iremos cair nesse erro, devemos acusar  os The Good Citizen  do nosso e outros territórios, ofensiva e provocação capitaneada pelos bolsonaristas Wilder Morais (PL), Fred Rodrigues (DC) e Alcides Ribeiro, Gustavo Gayer (político ativo nas redes sociais com ativismo anti lgbt e com constantes declarações racistas na internet) e major Vitor Hugo (defensor da excludente de ilicitude para políciais e consequentemente defensor dos abusos da violência polícial) para lançar suas candidaturas municipais defendendo os valores do "cidadão de bem" (a supremacia branca, heteronormativa e a hierarquia das classes), laureando seu token com o  título de "cidadão honorário de Goiânia" não é apenas um deboche mas a configuração de uma esperteza recuperadas da escola do nazismo, o poder de sugestão da propaganda.

Texto feito por leitor Subversivo e Lieksa

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